JOãO ALBERTO 50 ANOS » Causos da carreira

Publicação: 03/12/2019 03:00

E quem controla a Dercy?
Eu entrevistei Dercy Gonçalves quando ela esteve uma vez no Recife, na época da ditadura, para apresentar uma peça. A entrevista foi no meu programa de TV e eu perguntei se as freiras poderiam assistir ao espetáculo. E ela respondeu: “Você não sabe de nada! As freiras transam tudo com os padres”. Aí mais uma vez, a Polícia Federal encostou e eu falei: “O programa era ao vivo e eu não podia controlar a mulher!”
 
O dia em que fui preso...
Eu fui preso! Tenho isso no currículo! Desceu de noite aqui um avião da Swiss Air Lines (da Suíça) em um pouso de emergência. E eu fui com fotógrafo para o local. Só que a polícia da Aeronáutica proibiu a gente de se aproximar. No auge dos meus 18 anos, eu e o fotógrafo furamos o bloqueio e fizemos as fotos do avião, com os passageiros descendo. Mas os caras me pegaram. Mas só pegaram a mim, o fotógrafo correu e a foto saiu no jornal. O editor Edmundo Moraes, que era muito conhecido, ligou para o comandante e me soltaram. Foi aí minha experiência.
 
...e as visitas na PF
Eu editava um suplemento do fim de semana, chamado Domingo. Esse caderno tinha alguns colaboradores, entre eles o Ricardo Noblat. Ele fazia uns negócios muito inteligentes e furava a censura nas entrelinhas. Com isso, muitas vezes tínhamos que prestar esclarecimentos por conta da censura. Aí me chamaram umas duas ou três vezes na Polícia Federal para explicar algo que ele tinha publicado. E aí eu dizia que não tinha nada demais. Mas eu tinha que ir lá prestar esclarecimento.

Pânico nos matrimônios...
Já fui a um casamento de um cara da Aeronáutica que, na hora do sim, ele disse que não casaria, pois a noiva tinha traído ele. Outra vez foi um convidado que gritou que a noiva tinha um amante. Tiveram dois também que as noivas desistiram no altar. Mas nenhum desses casos eu publiquei na coluna porque eu nunca escrevo o que eu não gostaria que escrevessem sobre mim.
 
...e nos ares

Fiz uma viagem com Carlos Wilson, governador na época, e o então presidente da Empetur, Samuel Oliveira. O avião deu uma pane e ficamos rodando por quase uma hora. O comandante dizia que iria tirar combustível para tentar fazer um pouso de emergência. Aí eu fui brincar e levei um carão enorme! Eu disse: “Samuel, você tem uns 600 apartamentos, divida logo com a gente aqui”. E Carlos Wilson disse que não era brincadeira. Tirou os santos e ficou beijando. Mas eu estava tranquilo porque, na hora de embarcar, tinha um cara no aeroporto bem pobrezinho pedindo esmola e ninguém deu. Só eu. E aí eu disse: Deus vai olhar por mim, né possível?! No fim, o avião pousou tranquilo!  
 
O buffet da rainha
O primeiro grande evento para o qual fui convidado foi a recepção para a rainha Elizabeth aqui no Recife. No meio do evento, faltou luz. Os convidados avançaram no buffet. Lembro que uma pessoa chegou a furar com o garfo a mão do outro para poder pegar mais comida. Muita briga por comida. Mas nada disso contei na coluna também.  
 
Comentarista passional. Pode?
Cheguei a ser comentarista de alguns jogos pela Rádio Clube, mas minha condição de rubro-negro me traiu. Eu era muito passional! Um dia, teve um jogo decisivo do Sport e estava sem ninguém para transmitir. O diretor disse que iria colocar Paulo Marques e eu como comentarista. Acontece que este jogo teve prorrogação e quem fizesse o gol, vencia. Acabou que o Sport fez o gol e eu vi o juiz correndo para o gol para pegar a bola pra ele. E eu disse: esse filho da p... anulou o gol!

A bronca de Chateaubriand
Meu nome foi em homenagem a um governador de São Paulo que meu pai admirava. Mas esse João Alberto criou fama de ladrão. Daí Chateaubriand, que era o dono do Diario, chegou para mim dizendo:  não sei como é que eu deixo você escrever no meu jornal! Você tem o nome do maior ladrão do Brasil!