Estudo aponta risco de expansão global

Publicação: 22/10/2016 03:00

Um estudo publicado na revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz mapeia o potencial de disseminação global do vírus zika e aponta os fatores que mais impactam no risco de transmissão com precisão para áreas de 25 quilômetros. O trabalho mostra que diversos países reúnem as principais condições para propagação da doença. Na Ásia, além de Cingapura, onde um surto de zika já alcança cerca de 400 casos, territórios com grande população, como Tailândia, o sul da China, Índia e Bangladesh estão em risco.

“Uma vez que o vírus se estabeleceu em Cingapura e todos os elementos que favorecem a transmissão estão lá, podemos esperar que a doença se espalhe muito rapidamente para vários países vizinhos”, afirma o líder da pesquisa, Abdallah Samy, da Faculdade de Ciências da Universidade Ain Shams, no Egito, e doutor pelo Instituto de Biodiversidade da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos.

Considerando as regiões onde a doença ainda não se espalhou, a pesquisa destaca que partes da Austrália, Melanésia (região da Oceania que inclui as ilhas Molucas), Nova Guiné, ilhas Salomão, Vanuatu, Nova Caledónia e Fiji e Nova Zelândia reúnem todos os principais fatores para disseminação do agravo.

Já nos Estados Unidos, além da Flórida, onde casos locais são registrados desde o fim de julho, os pesquisadores apontam que Texas e Louisiana estão em risco.

O mapa destaca ainda uma ampla região com alto potencial de propagação da doença na África subsaariana. No entanto, os pesquisadores destacam que o continente representa um cenário diferenciado no contexto global, tornando as previsões mais difíceis. Descoberto na floresta de Zika, Uganda, em 1947, o vírus possui duas linhagens: uma chamada de africana, que circula no continente, e outra asiática, por trás dos atuais surtos nas Américas e Ásia. “A África tem história de exposição e a imunidade pode ser um componente importante”, explica.

A pesquisa mostra também que na Europa há poucos locais com condições ambientais favoráveis para a disseminação da doença considerando a presença de insetos vetores e aspectos climáticos. (Maíra Menezes/ IOC-Fiocruz)