As toxinas às quais os seres humanos estão cada vez mais expostos, como agrotóxicos, metais pesados, poluentes e conservantes de alimentos, são como gatilhos para o corpo e podem estar associadas ao surgimento de diversas patologias, transtornos e problemas psicológicos. A correlação entre os hábitos alimentares e à saúde é cada vez mais estudada por especialistas da área, que alertam – ao contrário do que prega a cultura de medicalização - que a saída para prevenir algumas doenças está no reequilíbrio de nutrientes no organismo.

Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 70 milhões de pessoas estão dentro do transtorno do espectro autista. No Brasil, seriam dois milhões de pessoas. Até o início dos anos 1990, a proporção era de um caso para cada 100 nascimentos, nos Estados Unidos. Hoje, a proporção já é de um para 68. Há quem defenda que a exposição às toxinas pode agravar ou desencadear o transtorno.

Crianças autistas costumam apresentar alterações na permeabilidade intestinal, com possibilidade de reações inflamatórias e imunológicas sistêmicas. “Existe o fundo genético como base para a classificação, mas vêm crescendo as classificações por fatores ambientais”, explica a nutricionista clínica e funcional Kallina Duarte.

É comum que pacientes classificados no espectro autista apresentem desordens gastrointestinais, reações alérgicas e inflamatórias. “Muitos deles têm uma seletividade alimentar grande e isso precisa ser revisto para que haja um reequilíbrio do organismo, sobretudo pensando no fígado, no intestino e nos rins”, detalha Kallina. Segundo ela, mudanças na alimentação desses pacientes podem reverter os quadros de alergia e mitigar outras características do transtorno.

Há 10 anos, a pedagoga Ana Cláudia Albuquerque, 42 anos, descobriu que a alimentação poderia ser uma aliada no desenvolvimento do filho Rafael, hoje com 12 anos. “Tive contato com um livro e a partir dali comecei a pesquisar. Hoje ele não come alimentos que tenham glúten,caseína ou realçadores de sabor. E percebi uma mudança no comportamento, antes ele era muito agitado e tinha muita alergia sempre no joelho”, lembra.

No caso de Rafael, as mudanças começaram a ser percebidas com um mês de acompanhamento nutricional. Porém, a nutricionista Kallina Duarte ressalta que não há fórmulas homogêneas. “Não adianta fazer a retirada brusca dos alimentos ou seguir o tratamento direcionado a outra pessoa. Cada caso precisa ser analisado individualmente”, afirma.

Alimentação funcional
Alimentos funcionais são aqueles que têm propriedades com papel metabólico ou fisiológico no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções do organismo. Ou seja, que têm ingredientes que podem auxiliar na manutenção das taxas, na proteção das células, no funcionamento dos órgãos, quando associados a hábitos de vida saudáveis.

Principais compostos funcionais investigados pela ciência

Isoflavonas
Ação:
Ação estrogênica (reduz sintomas da menopausa) e anticâncer

Onde é encontrado:
Soja e derivados

Ácidos graxos ômega-3
Ação:
Redução do LDL - colesterol; ação anti-inflamatória; é indispensável para o desenvolvimento do cérebro e da retina de recém-nascidos

Onde é encontrado:
Peixes marinhos como sardinha, salmão, atum, anchova, arenque, etc.

Licopeno
Ação:
Antioxidante, reduz níveis de colesterol e o risco de certos tipos de câncer, como de próstata

Onde é encontrado:
Tomate e derivados, goiaba vermelha, pimentão vermelho, melancia

Flavonóides
Ação:
Atividade anticâncer, vasodilatadora, anti-inflamatória e antioxidante

Onde é encontrado:
Soja, frutas cítricas, tomate, pimentão, alcachofra, cereja

Fibras solúveis e insolúveis
Ação:
Reduz risco de câncer de cólon, melhora o funcionamento intestinal, ajuda no controle da glicemia e no tratamento da obesidade

Onde é encontrado:
Cereais integrais como aveia, centeio, cevada, farelo de trigo, etc; leguminosas como soja, feijão, ervilha etc, hortaliças com talos e frutas com casca

Probióticos - Bífidobacterias e Lactobacilos
Ação:
Favorecem as funções gastrointestinais, reduzindo o risco de constipação e câncer de cólon

Onde é encontrado:
Leites fermentados, Iogurtes e outros produtos lácteos fermentados