Demanda multiplica os boxes Empresários estão precisando investir na ampliação do espaços e abrindo novas unidades devido à procura

Publicação: 18/02/2017 03:00

O objetivo é variado, mas a busca por atividades físicas fora da proposta de academias de musculação é real. Tanto que a procura pelo crossfit tem provocado outro movimento, o de quem empreende. Os boxes, espaços para a atividade, já ganham destaque na Região Metropolitana do Recife. São menos de dez unidades na RMR, mas um sinal dado pelos primeiros mostra que o gosto pode ampliar a oferta desse esporte. Em resposta à demanda atual e recente, as unidades existentes estão aumentando e até dobrando de tamanho, fazendo os empreendedores colocarem a mão no bolso e investirem pesado nas novas estruturas.

 (Nando Chiappetta/DP)

Filipe Lucena, proprietário da Qualimove Crossfit, por exemplo, precisou se adaptar a esse aumento na demanda. Professor de educação física e entusiasta de exercícios mais dinâmicos e desafiadores, viu no esporte a oportunidade para empreender. Investiu e teve que pegar de novo na carteira mais rápido do que imaginava. “Investi R$ 115 mil na implantação de uma unidade no bairro da Ilha do Retiro, com capacidade para 15 alunos por aula. Passei dois anos, mas o espaço não estava dando conta de quem chegava para treinar, principalmente nos últimos meses em que a procura vem cada vez mais crescendo. Para atender os novos alunos, sem perder os que já estavam conosco, nos mudamos para uma unidade maior, mas a um quilômetro de distância da primeira. Foram mais R$ 50 mil para a nova estrutura e para adaptar equipamentos de treino da antiga”, destacou.

Os ganhos do esporte são diversos. Filipe Lucena elenca os fatores para tanta procura nos últimos tempos. “O mais importante é a questão da socialização. Há um contato maior com os demais alunos, porque o treinamento é aula em grupo. Os treinos são dinâmicos, o que evita o tédio de ir treinar. Arrisco dizer que 99% dos alunos vêm da musculação, justamente fugindo das repetições”, pontua. “A primeira coisa que as pessoas se surpreendem é que o espaço não é cheio de máquinas e imagina como vai ‘malhar’ sem máquina. Só que o crossfit tem muito a tirar do seu próprio corpo. O corpo é uma máquina que pode e deve ser estimulada para tirar o melhor dela. Os exercícios são funcionais, com equipamentos, pesos, barra, mas principalmente o seu corpo e o limite dele”, assegura. “E vai além do exercício. É o entorno da nossa atividade e os desafios dela que fazem você repensar alimentação e reposicionar sua condição e os seus ganhos”, complementou.

Cristiano Halley, DJ de 30 anos, ressalta que não gostava do crossfit, mas o dia a dia de treinamento quebrou a resistência ao box. O resultado foram 43 quilos a menos desde que entrou no circuito, uma perda que deu um novo gás a ele. “Eu odiava o que eu entendia que era o crossfit. Minha esposa começou a fazer e eu tinha total preconceito: achava que ia me lesionar, me machucar, que não dava para fazer. Comecei e foram 43 quilos a menos. Cheguei com 120 quilos e hoje estou na casa dos 70 quilos”, ressalta. Detalhe: Cristiano conversou com o Diario depois de realizar um dos exercícios mais difíceis do crossfit, que é o Handstand push up, em que o corpo está “plantando bananeira” com apoio na parede e é feita a flexão invertida, um esforço usando o peso total do corpo.

A “moda” virou realidade, mas bem antes dos amantes do crossfit tornarem a modalidade parte do dia a dia por aqui, o Mangue Town Crossfit já começava a funcionar no Recife, quase três anos. Há dois, Júlio Romaguera entrava na sociedade e desde então vem investindo na unidade, sempre em resposta à procura. Foram mais de R$ 100 mil em adaptação de infraestrutura, novos equipamentos e ampliação de espaço de aulas. “Antes, as aulas tinham 12 pessoas, no máximo. Hoje, passam de 20. Tivemos que investir em contratações, porque dois professores não dão conta. Temos seis agora, até porque eram oito aulas por dia e hoje são 11 aulas”, pontua.

“Os treinos são dinâmicos. Arrisco dizer que 99% dos alunos vêm da musculação, justamente fugindo das repetições”, Filipe Lucena, proprietário da Qualimove Crossfit

Principais movimentos do crossfit

Principais movimentos do crossfit (Fotos: Ricardo Fernandes/DP)
Principais movimentos do crossfit


Opções que vão do iniciante ao atleta

Muita gente associa o crossfit à imagem de que é algo pesado, para profissional que quer competir ou para os sarados que suportam muita carga. Quem vende a metodologia repete e reforça que há como atender todos os públicos. Felipe Lucena, proprietário do Qualimove Crossfit, explica que há dois tipos de crossfit: o profissional, para competidores, e o outro que é um método de atividade física, inclusivo, que é adaptável à condição de quem se propõe a participar. O valor médio da mensalidade custa R$ 250.

“A gente chama de aula porque é dada para pessoas diferentes, que têm níveis de atividade diferentes. Tudo segue o conceito de aprendizagem e de progressão, ou seja, você começa leve e aumenta conforme vai respondendo. Além disso, independentemente do nível do aluno, ele é desafiado. O problema é que muito do que aparece é profissional e as pessoas acham que é só aquilo. Mas isso vem sendo cada vez mais esclarecido”, complementa.

Júlio Romaguera, do Mangue Town Crossfit, compartilha do mesmo pensamento. “As pessoas estão conhecendo e o crossfit está sendo desmistificado. Ainda assim, recomendo saber as diferenças entre os próprios boxes de crossfit. “Muita gente pergunta se todos são iguais, mas a gente sugere uma visita. Cada unidade tem a sua metodologia e o seu tratamento com o aluno. Assim como a demanda também sugere o que a gente vai oferecer”, explica. “Há alunos que querem apenas sair do sedentarismo e outros são de alto rendimento e buscam competição. Criamos um treinamento chamado Mangue Competition, exclusivamente para essa demanda de alunos profissionais, com aula de duração estendida, por exemplo”.

Desde que entrou no box, o espaço de treino foi dobrado, ganhou uma área para levantamento de peso olímpico, um mezanino para ginástica e demais espaços para melhoras de performance em corrida, em mobilidade, entre outros aspectos físicos.