Iniciadores sexuais

Publicação: 21/10/2017 03:00

Em seu papel de “iniciadores sexuais” dos homens, os muxes também são respeitados. “Quando estava no primeiro ano do segundo grau, um em cada dois de meus colegas já tinha tido uma experiência sexual com um muxe”, lembra Luis Guerrero. “Quase todos temos um muxe na família. Os muxes estão em reinvenção”, completa.

Também alta e com voz potente, Biniza Carrillo é outra muxe de Niltepec, Oaxaca, e sem nenhum pudor, veste-se de tehuana em frente às câmeras. “As autoridades (locais) nos violentam, não há mudança de nome genérico”, reclama. Com certa nostalgia, acrescenta: “Somos corpos para que os homens se iniciem sexualmente (...) Somos apenas iniciadoras, os homens vão se casar com mulheres biológicas”.

A tendência dos muxes em ser “cada vez mais femininas levou algumas a injetar óleos (para aumentar os glúteos) e um monte de coisas, seguindo o padrão de beleza (ocidental) que exige um corpo magro e exuberante”, comenta Felina Santiago, líder de um grupo de muxes que organizam suas próprias Velas.

Ela teme que nessa corrida por uma imagem mais feminina, “se possa perder a própria identidade da comunidade muxe”. A maioria dos muxes sequer toma hormônios.

Estrella, Binizia e Felina afirmam que os muxes sofreram discriminação nos pontos de distribuição de provisões para os afetados pelo sismo. “Além de levantar os escombros e preparar a comida com os poucos alimentos que temos, nos organizamos para distribuir víveres trazidos por caravanas de homossexuais de outras partes do país”, comentou Felina Santiago.

As três perderam suas casas e dormem em barracas de camping improvisadas com as famílias.