Um mercado fermentado por oportunidades de inovações

Publicação: 21/10/2017 03:00

Em Pernambuco, 2,5 mil padarias eternizam histórias familiares a cada fornada. “O pão está diretamente ligado às nossas histórias, ao nosso imaginário e à memória. Pão lembra infância, a cidade onde vivemos e família”, pontua o presidente do Sindipão-PE Paulo Pereira, que destaca a frequência de um mesmo cliente a uma padaria no estado: 14 vezes ao mês. Talvez por isso sejam estabelecidos elos entre clientes e funcionários.

Mas a relação de proximidade com a clientela não é o único fator capaz de garantir longevidade e lucro aos estabelecimentos do setor. “A gente está em um período em que parou de crescer um pouco por causa da crise. Houve uma queda no número de padarias. Por isso há empresas se reinventando, criando pães gourmet, apostando na fermentação natural; boas estratégias”, destaca. A indústria de panificação no estado é responsável por gerar 100 mil empregos, 30 mil deles diretos.

Nos últimos cinco anos, o setor de panificação, biscoitos, massas e bolos registrou crescimento de 39% no faturamento, de acordo a Associação Brasileira dos Atacadistas de Autosserviço. “Empresários pensam que inovação significa apenas tecnologia, mas envolve outros aspectos, como atendimento especializado e estrutura. Apostar em receitas irreverentes é um ótimo caminho. É preciso entender que o mercado mudou. Hoje existe maior busca por comida mais saudável”, avalia o analista do Sebrae Emílio Honório.

A Vila Amizade Padaria Artesanal, aberta neste ano, é um exemplo. A casa número 54 na rua da Amizade, Graças, Zona Norte do Recife, era uma propriedade de família desocupada quando o empresário Frederico Luna, o pai e o irmão decidiram abrir uma padaria. Dos primeiros esboços de projetos até a inauguração, foram 12 meses de estudos, planejamentos e consultorias.

Entre as análises, os sócios decidiram apostar na fermentação natural. “O pão é milenar, é clássico, mas tem sido tratado sem muita consideração por padarias que industrializam demais o processo. A fermentação natural, apesar de levar mais tempo para ser feita, em média 24 horas, faz com que o pão fique mais leve, saudável e nutritivo. Além disso, volta às origens da panificação”, destaca o empreendedor, cujo negócio oferece mais de 30 tipos de pães, com destaque para o de abóbora com sementes de girassol – a aceitação do público vem demonstrando que limites, só se for de imaginação.