CORRUPçãO » Lava-Jato prende Eike Batista e bloqueia R$ 1,6 bilhão

Publicação: 09/08/2019 03:00

O empresário Eike Batista voltou a ser preso ontem na Operação Segredo de Midas, desdobramento da Lava-Jato no Rio. Também foi expedido mandado de prisão preventiva contra o operador financeiro Luiz Arthur Andrade Correa, o Zartha, que está em Miami, nos Estados Unidos. Os dois são investigados pelos crimes de manipulação de mercado financeiro e utilização de informação privilegiada.

Segundo o Ministério Público Federal, Eike Batista e Luiz Correa usavam um banco “fantasma” para atuar, incógnitos, no mercado de capitais. Entre 2010 e 2013, eles teriam realizado mais de 300 operações, movimentando R$ 800 milhões. Eike foi preso antes das 7h, em sua casa, no bairro do Jardim Botânico. Ele passou por exame de corpo de delito e foi encaminhado a Bangu 8.

A pedido do MPF, a Justiça também determinou o bloqueio de R$ 1,6 bilhão nas contas do empresário e de seus filhos: Olin e Thor. Desse valor, R$ 800 milhões são por danos morais coletivos e o restante, por danos materiais.

As prisões temporárias foram decretadas pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. A Polícia Federal ainda cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços de pessoas próximas a Eike e ao executivo do grupo X José Gustavo de Souza. Na decisão, Bretas afirmou que Eike “transferiu parte relevante de seu patrimônio a seus filhos, muito provavelmente com a finalidade de se furtar ao cumprimento das obrigações junto aos seus credores”. Eike foi preso pela primeira vez em janeiro de 2017, alvo da Operação Eficiência e condenado por Bretas.

Delações
Segundo a PF, a operação tem como objetivo “a busca de provas relativas à manipulação do mercado de capitais e à lavagem de dinheiro”. A Segredo de Midas tem base em informações fornecidas no ano passado, em colaborações premiadas do banqueiro Eduardo Plass e seus sócios. Plass terá de pagar multa de R$ 300 milhões e devolver US$ 9,2 milhões de Eike que estão sob sua custódia no exterior.

De acordo com o Ministério Público Federal, o grupo utilizava a empresa The Adviser Investiments (TAI), criada por Plass e sediada no Panamá, como um “banco fantasma”. A TAI, segundo os procuradores, manipulava ou usava informação privilegiada sobre ativos para operadores impedidos de agir ou que queriam ocultar a identidade no mercado, e geria recursos financeiros sem ter autorização legal para isso. Para o mercado, dava a impressão de investir recursos próprios, pois omitia os nomes dos reais operadores. Por meio do “banco fantasma” foram feitas operações nas bolsas do Brasil, Canadá, Irlanda e Estados Unidos - pelo menos cinco manipulações foram detectadas pela investigação.

O advogado de Eike, Fernando Martins, afirmou que vai apresentar recurso porque, segundo ele, “essa nova ordem de prisão carece de amparo legal”. (Agência Estado)