Mais uma morte em piscina de hotel de Boa Viagem Corpo de mulher foi encontrado na parte mais funda. Paulista morreu no mesmo local no dia 7

Publicação: 25/03/2016 03:00

Piscina do Recife Monte Hotel tem profundidades que vão de 0,6ma 2,6m (RECIFE MONTE HOTEL/DIVULGAÇÃO)
Piscina do Recife Monte Hotel tem profundidades que vão de 0,6ma 2,6m
Duas pessoas morreram na piscina do Recife Monte Hotel, no bairro de Boa Viagem, em menos de 20 dias. A polícia vai investigar agora a morte ocorrida no hotel que fica na Rua dos Navegantes, na última quarta-feira. O corpo da servidora municipal Anne Trindade Brasil, 32 anos, foi encontrado na água por volta das 21h. Caso semelhante aconteceu no último dia 7, quando o turista de São Paulo Bruno Guilherme Ribeiro, 20, também foi encontrado boiando na parte mais funda da piscina, que tem 2,6 metros de profundidade.

No caso de Bruno Guilherme, o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) atestou asfixia por afogamento e descartou que a vítima houvesse ingerido bebida alcoólica. A morte de Anne Trindade ainda está sendo investigada pela polícia. A piscina está interditada por orientação da Vigilância Sanitária.

Na manhã da última quarta-feira, a Polícia Científica realizou perícias no hotel. De acordo com o delegado Paulo Medeiros, medidas preliminares estão sendo tomadas para auxiliar as investigações, sob responsabilidade do delegado Carlos Couto, da Delegacia de Boa Viagem. “Não foi recolhido material no espaço, mas foram tiradas fotos e feitos alguns exames. Será feita uma perícia complementar para se verificar todo o local de ocorrência”, afirmou o delegado.

O Recife Monte Hotel tem 47 anos de funcionamento. Um dos gerentes operacionais do local, Esdras Barbosa, afirmou que o perfil de público é corporativo. O estabelecimento hospeda cerca de 300 pessoas por dia e conta com 171 apartamentos. A diária custa, em média, R$ 200. A Polícia Civil continua as investigações no hotel para questionar o motivo da ausência de um salva-vidas no momento das mortes.

Anne Trindade Brasil era natural de Serra Talhada, Sertão de Pernambuco. Ela morava no Recife e frequentava a academia de ginástica que funciona no hotel. O corpo dela foi localizado na piscina e retirado por funcionários.  O corpo foi recolhido pelo IML para a realização de exames que deverão definir se Anne morreu afogada. A vítima trabalhava na Secretaria de Saúde do Recife.

Apesar de existir uma lei específica sobre a segurança em piscinas no estado, a legislação não especifica que as regras se aplicam a hotéis. A lei estadual 15.240, de março de 2014, tornou obrigatória a permanência de guarda-vidas durante os horários de utilização nas piscinas de uso coletivo em escolas privadas, clubes sociais e associações. O texto cita ainda que a regra vale para “demais estabelecimentos ou instituições congêneres”, mas não diz se a exigência vale em hotéis.

O descumprimento da lei estadual pode acarretar em advertência com notificação dos responsáveis para regularização no prazo máximo de 30 dias ou multa entre R$ 1 mil e R$ 10 mil em caso de reincidência. “Apesar de a legislação prever a instalação de cerca ou gradil em volta de piscinas coletivas e colocação de placa com avisos de segurança, a legislação não define quem deve fiscalizar isso”, afirmou o tenente-coronel Edson Marconni, do Corpo de Bombeiros. 

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) determina que piscinas públicas e coletivas devem estar sob vigilância de salva-vidas identificados, na proporção de um para cada 300 m2 de água. A associação define ainda que todo tanque deve possuir um meio de entrada e saída na sua parte rasa.