DIARIO NOS BAIRROS » Caxangá, polo hospitalar de atendimento público Os hospitais e unidades de saúde da região mantêm características semelhantes como o caráter público

Publicação: 30/08/2018 03:00

Com mais de 400 unidades de saúde, Pernambuco é considerado um dos principais polos médicos do país. O estado, que está entre os dez com mais cursos de medicina no Brasil, é sempre lembrado quando o assunto é saúde, seja pela quantidade de profissionais formados ou pela diversidade e quantidade de hospitais. Nesse aspecto, os olhos sempre estão direcionados para a Avenida Agamenon Magalhães e os hospitais privados que margeiam a avenida. Entretanto, há outra região da cidade que também concentra a mesma dinâmica: a Av. Caxangá.

Os hospitais e unidades de saúde da região mantêm como características semelhantes o caráter público ou de prestação de serviço para o SUS, o atendimento de grande população que vem do interior e também a ação direcionada aos pacientes com síndrome congênita do zika vírus. Fundado em 1953 no Cordeiro, o Hospital Getúlio Vargas foi a primeira unidade de saúde do Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Empregados de Transportes e Cargas (IAPETEC) no Norte e Nordeste. Foi também o pioneiro dentre os hospitais que viriam a se instalar na região.

Depois dele, em 18 de janeiro de 1958, foi inaugurado o Hospital Barão de Lucena (HBL). Na Avenida Caxangá, o prédio foi inaugurado pelo então presidente da república Juscelino Kubitschek e recebeu o nome em homenagem ao magistrado Henrique Pereira de Lucena. Na época, a administração era da sociedade beneficente e hospitalar das Usinas de Açúcar. Em 2014, a expansão do polo aconteceu para a Avenida Maurício de Nassau, conhecida como a paralela da Caxangá, com a inauguração do Centro Especializado em Reabilitação Menina dos Olhos (CER) da Fundação Altino Ventura.

As duas primeiras unidades compõem a lista de hospitais administrados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), atualmente. O Getúlio Vargas é referência na área de ortopedia, com a manutenção há mais de 10 anos de um programa de órtese e prótese. Apesar disso, é alvo constante de queixas de superlotação. “Aqui é uma bagunça. Estou aqui com minha prima, que está em uma sala cheia de gente. Para ter noção, as médicas têm que passar por cima das macas para entrar”, contou a agricultora Ivaneide Silva, 49.

A reclamação também foi feita por um pedreiro de 62 anos que preferiu não se identificar. “É sempre assim, os corredores cheios de macas. Minha parente está esperando desde segunda-feira uma cirurgia e não sabe se conseguirá fazer”, afirmou. Atualmente, o Getúlio Vargas está em obras para duplicação da quantidade de leitos da emergência. O hospital ganhará salas sinalizadas de acordo com a gravidade, informou a SES-PE. Neste ano, a unidade recebeu um novo aparelho de tomografia, que tem capacidade para realizar uma média de 550 exames mensalmente, e passou a realizar um tratamento com toxina botulínica para pacientes com síndrome congênita do zika.

O Hospital Barão de Lucena, que é uma unidade geral de alta complexidade focada no atendimento materno-infantil, é hoje a unidade de referência no diagnóstico e acompanhamento das crianças com síndrome congênita do zika. A vice-presidente da FAV, Liana Ventura, diz que a obtenção de um terreno na região veio depois de uma procura por um espaço barato para poder erguer o CER. Porém, o local se tornou o atrativo.