PE tem 18 reservatórios em estado de colapso A falta de chuvas no Agreste e no Sertão do estado deixa municípios em alerta por conta do baixo nível dos reservatórios usados para abastecimento

LARISSA AGUIAR

Publicação: 25/04/2025 03:00

A situação de Jucazinho é uma das mais preocupantes por conta da sua dimensão (DIVULGAÇÃO/COMPESA)
A situação de Jucazinho é uma das mais preocupantes por conta da sua dimensão

Com 18 reservatórios, incluindo o estratégico Jucazinho, em estado considerado de colapso, Pernambuco volta a viver uma grave crise hídrica. Em média, esses reservatórios estão operando com menos de 10% de sua capacidade, segundo o painel de monitoramento da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac). Esses mananciais representam 19,35% da capacidade total de armazenamento de água do estado.

A situação mais complicada é a vivenciada nas regiões do Agreste e Sertão pernambucanos. Além dos 18 em colapso, há ainda 11 reservatórios em estado crítico com níveis entre 10% e 30% como mostra o painel da Apac. Entre todos esses, estão alguns dos reservatórios voltados apenas para o abastecimento humano como é o caso também de Machado, no Agreste; e de Serrinha, no Sertão.

A situação afeta diretamente o abastecimento de dezenas de municípios. O colapso de Jucazinho, o maior da região, por exemplo, impacta 11 cidades. Entre elas, estão Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Surubim, que já enfrentam rodízios severos e risco de desabastecimento. Já o de Ingazeira, no Sertão, atende aos municípios de  Ingazeira, São José do Egito, Tabira e Tuparetama. Neste caso, o reservatório está em nível considerado crítico com 12,12%.

Outro exemplo da situação atual é o município de Bezerros, também no Agreste. Segundo a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), uma das situações mais críticas é a enfrentada por Bezerros. A cidade depende tanto de Jucazinho quanto da Barragem de Brejão, que está em pré-colapso com apenas 6,88% da sua capacidade de armazenamento. Com isso, algumas áreas estão com um sistema de rodízio de até 14 dias sem água.

No caso do Agreste, uma das soluções encontradas é o interligar a Adutora de Jucazinho com a do Agreste, permitindo que Caruaru, por exemplo, receba parte da água oriunda da Transposição do Rio São Francisco, liberando o pouco que tem Jucazinho para o resto do sistema.

EMERGÊNCIA
E prolongada falta de chuvas em Pernambuco tem feito os municípios recorrerem também à Defesa Civil Nacional.  Até ontem, 95 municípios pernambucanos tiveram a situação de emergência reconhecida oficialmente pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), devido aos impactos causados pela estiagem.

Com o reconhecimento federal, as prefeituras dessas cidades podem solicitar apoio financeiro para ações de enfrentamento da seca. Os pedidos são feitos por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD), plataforma onde são apresentados os planos de trabalho com dados sobre os danos provocados, as áreas afetadas, a população impactada e as medidas já adotadas localmente.

Após a análise técnica da Defesa Civil Nacional, as propostas aprovadas têm seus recursos formalizados por meio de portarias publicadas no Diário Oficial da União. Esses recursos podem ser destinados a medidas emergenciais como abastecimento de água, distribuição de cestas básicas, recuperação de reservatórios e ações de apoio humanitário.

Para obter o reconhecimento da situação de emergência, os municípios precisam seguir um protocolo que começa com a emissão de um decreto municipal, acompanhado da solicitação ao MIDR e da documentação completa sobre os efeitos da seca. A liberação dos recursos depende do detalhamento das informações e da viabilidade das ações propostas.

Estado

Em janeiro deste ano, o governo do estado já tinha declarado situação de emergência em 117 municípios por contra da grave escassez de chuvas e dos impactos da estiagem prolongada. Já a Apac anunciou, em março último, a previsão para abril, maio e junho deste ano.

Segundo a Agência, a situação no Sertão seria crítica, com expectativa de precipitação abaixo da climatologia histórica. E de um acumulado de chuvas que varia entre normal e abaixo da média nas regiões do Agreste, Zona da Mata e Região Metropolitana.