A feira como lugar de inspiração da cidade

Publicação: 19/03/2022 03:00

Não é só Elias Oliveira que parece ter uma vocação comercial nata. A própria cidade de Caruaru foi fundada a partir de uma paragem de comerciantes, que vinham do Sertão para capital e da região Sul para Campina Grande.

“Esses comerciantes descansavam ali, em frente à capela, onde hoje é a Igreja da Conceição, porque bem perto tinha um poço d´água. As barracas foram se instalando, foi criando-se um povoado, foi crescendo e dali nasceu a cidade”, explica o compositor Onildo Almeida, 93 anos. Ele compôs 13 músicas sobre a Capital do Agreste, incluindo as oficiais que marcaram o centenário e os 150 anos da cidade.

Onildo, frequentador habitual da feira de Caruaru, com o tempo, foi notando produtos que não eram de se vender no lugar. Ferragens e tecidos, por exemplo. Foi quando fez a relação bastante grande desses produtos, fez versos, musicou e assim nasceu, em 1951, uma das músicas mais conhecidas de seu repertório: A feira de Caruaru.

“Se Caruaru já era conhecida lá fora só pelo comprar e vender, com a música isso cresceu e internacionalizou a cidade de Caruaru”, comemora.

A feira inspirou a criação da música e hoje a música inspira pessoas a conhecerem a feira. De acordo com a prefeitura do município, em seu portal de turismo, hoje a feira é segmentada em 14 espaços com produtos diversos. Ela ocupa uma área de 40 mil metros quadrados, na região do Parque 18 de maio, para onde foi transferida em 1992, deixando a área original onde funcionava antes mesmo da fundação da cidade.

Por sua importância, a feira de Caruaru é reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A explicação para isso é que ela “é um lugar de memória e de continuidade de saberes, fazeres, produtos e expressões artísticas tradicionais que continuam vivos no comércio de gado e dos produtos de couro, nos brinquedos reciclados, nas figuras de barro inventadas por Mestre Vitalino”.