BC vota taxa de juros sob forte pressão
Selic de 13,75% é considerada "chocante" por Joseph Stiglitz, Nobel de Economia, e "pornográfica" por Josué Gomes, presidente da Fiesp
(Da Redação com o Correio Braziliense).
Publicação: 21/03/2023 03:00
O Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central(CB) se reúne hoje, sob forte pressão, para discutir a manutenção da taxa básica de juros (Selic). Se por um lado é defendida pelo mercado financeiro, por outro recebe questionamentos de lideranças industrias e economistas. Vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2011, o professor da Universidade de Columbia (Estados Unidos), Joseph Stiglitz, afirmou ontem, durante um seminário no Rio de Janeiro, que a taxa de juros no Brasil é “chocante” e equivale a uma “pena de morte”.
A pressão subiu com os sinais de desaleceração da economia nacional, que desde o final do ano passado sente a queda de ritmo na produção industrial e na geração de empregos. Outro indicativo preocupante são os reflexos dos resultados negativos de bancos dos Estados Unidos e da Suíça, apontados, por alguns analistas, como um risco de contaminar o sistema finaceiro mundial e que exige a redução das taxas básica de juros. Isso, para alguns, impulsionaria o consumo e frearia uma possível recessão mundial.
Mantida em 13,75% desde maio de 2022, a Selic atual é a segunda maior taxa de juros nominal do mundo, aquele em que se considera o número em si e a primeira em juros reais. Neste caso, próximo dos 8% ao ano, quando se desconta a inflação acumulada nos últimos 12 meses da taxa nominal. Os juros reais brasileiros superaram países com México, Chile, Colômbia e Hong Kong, enquanto no caráter nominal perdia, em fevereiro, apenas para a Argentina. Os 13,75% é a segunda maior taxa de juros do país desde outubro de 2016.
“A taxa de juros de vocês é, de fato, chocante. Uma taxa de 13,75%, ou 8% real, é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia. É impressionante que o Brasil tenha sobrevivido a isso, que seria uma pena de morte. Parte da razão de vocês sobreviverem a essas taxas de juros é que vocês têm bancos estatais, como o BNDES, que têm feito muito com essas taxas de juros, oferecendo fundos a empresas produtivas para investimentos de longo prazo com juros menores”, afirmou Stiglitz. Ele fez a análise no seminário Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século 21 realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Para o economista, as taxas de juros historicamente altas do Brasil impuseram uma desvantagem competitiva. “A pergunta é, onde estariam se tivessem uma política monetária mais razoável? Eu diria que estaria num crescimento econômico muito maior”, completou. A isso, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, acrescentou ser “inconcebíbel a atual taxa de juros no Brasil”. Segundo ele, a taxa de juros atual é “pornográfica”. “Não temos mais restrição externa, mas criamos nova restrição interna”, queixou-se Josué. “Se não baixarmos os juros não vai adiantar fazer política industrial”.
Apesar das pressões, para que a taxa básica de juros seja reduzida, a expectativa dos agentes de mercado é que ela seja mantida pelo Copom.
(Da Redação com o Correio Braziliense).
A pressão subiu com os sinais de desaleceração da economia nacional, que desde o final do ano passado sente a queda de ritmo na produção industrial e na geração de empregos. Outro indicativo preocupante são os reflexos dos resultados negativos de bancos dos Estados Unidos e da Suíça, apontados, por alguns analistas, como um risco de contaminar o sistema finaceiro mundial e que exige a redução das taxas básica de juros. Isso, para alguns, impulsionaria o consumo e frearia uma possível recessão mundial.
Mantida em 13,75% desde maio de 2022, a Selic atual é a segunda maior taxa de juros nominal do mundo, aquele em que se considera o número em si e a primeira em juros reais. Neste caso, próximo dos 8% ao ano, quando se desconta a inflação acumulada nos últimos 12 meses da taxa nominal. Os juros reais brasileiros superaram países com México, Chile, Colômbia e Hong Kong, enquanto no caráter nominal perdia, em fevereiro, apenas para a Argentina. Os 13,75% é a segunda maior taxa de juros do país desde outubro de 2016.
“A taxa de juros de vocês é, de fato, chocante. Uma taxa de 13,75%, ou 8% real, é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia. É impressionante que o Brasil tenha sobrevivido a isso, que seria uma pena de morte. Parte da razão de vocês sobreviverem a essas taxas de juros é que vocês têm bancos estatais, como o BNDES, que têm feito muito com essas taxas de juros, oferecendo fundos a empresas produtivas para investimentos de longo prazo com juros menores”, afirmou Stiglitz. Ele fez a análise no seminário Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século 21 realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Para o economista, as taxas de juros historicamente altas do Brasil impuseram uma desvantagem competitiva. “A pergunta é, onde estariam se tivessem uma política monetária mais razoável? Eu diria que estaria num crescimento econômico muito maior”, completou. A isso, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, acrescentou ser “inconcebíbel a atual taxa de juros no Brasil”. Segundo ele, a taxa de juros atual é “pornográfica”. “Não temos mais restrição externa, mas criamos nova restrição interna”, queixou-se Josué. “Se não baixarmos os juros não vai adiantar fazer política industrial”.
Apesar das pressões, para que a taxa básica de juros seja reduzida, a expectativa dos agentes de mercado é que ela seja mantida pelo Copom.
(Da Redação com o Correio Braziliense).
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