Londres tenta apagar o "incêndio" do Brexit Saída da União Europeia segue repercutindo negativamente no mercado e nos países do bloco

Publicação: 28/06/2016 03:00

Líderes da França, Alemanha e Itália disseram que são contra a abertura das negociações pós-Brexit com Londres (JOHN MACDOUGALL/AFP)
Líderes da França, Alemanha e Itália disseram que são contra a abertura das negociações pós-Brexit com Londres
Londres (AFP) – O governo britânico assegurou ontem que o país está preparado para suportar o impacto econômico do Brexit, em uma tentativa de acalmar as Bolsas e as milhares de empresas que pretendem deixar o Reino Unido. O primeiro-ministro David Cameron confirmou que seu governo respeitará a vontade popular e anunciou a criação de um departamento especial de altos funcionários encarregado das complexas negociações para deixar a União Europeia (UE).

O Reino Unido não invocará o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que estabelece o início da saída de um membro da UE, até que tenha “uma visão clara dos novos acordos com seus vizinhos europeus”, explicou Cameron ao Parlamento.
A resposta de Alemanha, França e Itália foi clara. Não haverá discussões formais e informais sobre a saída do Reino Unido da UE, “enquanto não houver um pedido de saída da UE”, disse a chanceler alemã, Angela Merkel.

A incerteza que ronda o processo impacta de forma especial os mercados, e empresários e investidores já fazem planos para deslocar atividades. A Standard&Poor's rebaixou a nota “AAA” do Reino Unido para “AA”, com perspectiva negativa.

A Bolsa de Londres caiu 2,55% no fechamento, e o impacto foi especialmente ruim nos setores bancário e imobiliário e para as companhias aéreas.

A desconfiança em relação ao euro e à libra esterlina permanece: às 21h GMT (18h horário de Brasília), o euro era cotado a US$ 1,1022 contra US$ 1,1112 de sexta-feira. A libra esterlina era cotada a US$ 1,3228 contra US$ 1,3670 da sessão anterior.

Além dos maus resultados do mercado, a agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P) rebaixou em dois níveis a nota da dívida do Reino Unido, de AAA para AA, por causa do Brexit. “O Brexit pode desembocar em uma piora dos resultados econômicos do Reino Unido, incluindo seu grande setor financeiro, que é um grande gerador de emprego”, explicou. Mais tarde foi a vez da agência Fitch fazer o mesmo. A classificadora de risco Fitch rebaixou em um nível a nota do Reino Unido.