Marcas do golpe

Publicação: 31/03/2014 03:00

O fim dos quase 21 anos ou 7.565 dias do regime militar brasileiro não eliminou as marcas deixadas pelos anos de repressão iniciados com o golpe que completa, hoje, 50 anos. Histórias de torturas, perseguições e mortes permeiam os depoimentos de pessoas que, na época, ousaram se opor ao que os homens da caserna, empresários e produtores rurais rapidamente se habituaram a chamar de “revolução de 1964”. Oposição a um conjunto de práticas e iniciativas que tinham Pernambuco como um dos principais celeiros do Brasil. Com o golpe, caíram por terra os ideais de uma divisão mais justa das terras, defendidos pelas Ligas Camponesas, idealizadas pelo advogado pernambucano Francisco Julião. Saíram de cena também o Movimento de Cultura Popular, criado por Pelópidas Silveira, então prefeito do Recife, e a política voltada para as camadas mais pobres, preconizada pelo governador MiguelArraes. Perderam espaço ainda as propostas educacionais de Paulo Freire e o sonho de desenvolvimento da região, idealizado pelo economista paraibano Celso Furtado. Prejuízos irreparáveis para Pernambuco e para o Nordeste, que tinha no estado algumas de suas melhores mentes naquela época. Para contar essa história, os repórteres do Diario consultaram arquivos, buscaram documentos e ouviram testemunhas oculares e especialistas à procura de histórias inéditas para traçar um retrato do que significou esse episódio.