Publicação: 20/07/2014 03:00
Na semana que passou, o encontro entre os chefes de estado do grupo Brics - potências emergentes da economia global, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, em Fortaleza, ocupou destaque no noticiário, devido às negociações internacionais, sobretudo econômicas, entre os países participantes. Porém, tradicionalmente, a política externa não tem a mesma prioridade que os assuntos domésticos em campanhas presidenciais. Sob esse aspecto, poucas são as diferenças entre uma e outra diretriz dos programas de governo de Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). O que se destaca é que, desta vez, diante do baixo crescimento da economia brasileira, os três candidatos prometem a ampliação do comércio e dos investimentos do Brasil com os parceiros internacionais e não deixam de mencionar a necessidade de fortalecimento do Mercosul.
Aécio defende uma política externa conduzida com base nos princípios da moderação e da independência. Critica a ideologização das relações do Brasil com os países da América do Sul. Sem citar nomes, ele dá a entender que a aliança com os chamados bolivarianos – Venezuela, Bolívia e Equador – deve ser revista.
O presidenciável tucano não cita a integração Sul-Sul, iniciada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao contrário de Dilma e Campos. Defende a expansão do comércio com países desenvolvidos e em desenvolvimento, e dá um importante sinal ao mercado: deve flexibilizar a norma do Mercosul que impede que países do bloco negociem, sozinhos, acordos comerciais em separado. O PT não pretende rever a regra, e o PSB admite fazer isso, caso realmente seja necessário.
Os três candidatos afirmam que vão trabalhar para aumentar a presença do Brasil nos grandes fóruns internacionais. Aquecimento global, direitos humanos, paz, democracia e segurança na internet estão entre os temas mais mencionados pelos presidenciáveis. Eduardo Campos e Aécio Neves prometem valorizar o Ministério das Relações Exteriores.
Estados Unidos
A crise entre Brasil e EUA, causada pela informação de que órgãos de inteligência norte-americanos espionam cidadãos brasileiros, incluindo a presidente da República, é aproveitada no programa de Dilma. “Queremos construir mecanismos que protejam todas as formas de comunicação - a internet, em particular - assegurando a privacidade da cidadania, das empresas e dos governos”, diz um trecho do capítulo do PT que trata de política externa. (Da Agência O Globo)
Saiba mais
As propostas:
Dilma Rousseff
Parceiros internacionais
Ênfase às relações com a África, a Ásia e o mundo árabe, sem desconsiderar os parceiros desenvolvidos, como EUA, União Europeia e Japão.
Integração regional
Fomento do comércio e integração produtiva, financeira, física e energética.
Mercosul
Fortalecimento do Mercosul, da Unasul e das relações entre países da América do Sul, da América Central e do Caribe.
Organizações internacionais
Defesa de reforma dos principais organismos, como ONU, FMI e Banco Mundial.
Eduardo Campos
Parceiros internacionais
Fortalecer a diplomacia Sul-Sul, especialmente com países da África e nações em desenvolvimento, preservando parceiros como China e EUA.
Integração regional
Maior aproximação entre os países do Mercosul e da Aliança do Pacífico.
Mercosul
Defesa de acordos do bloco com outros, como a União Europeia.
Organizações internacionais
Ampliação do Conselho de Segurança, com maior participação dos países emergentes.
Aécio Neves
Parceiros internacionais
Merecem atenção especial a Ásia, os EUA e os países desenvolvidos, sem deixar de lado as nações em desenvolvimento.
Integração regional
Reexame das políticas em vigor, para, com a liderança do Brasil, restabelecer a primazia da liberalização comercial e o aprofundamento dos acordos.
Mercosul
Recuperar os objetivos iniciais do Mercosul e flexibilizar as regras do bloco, para avançar em negociações com outros países.
Organizações internacionais
Defende a ampliação do número de membros com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.