Uma das maiores bancadas aliadas do país Paulo Câmara vai poder contar com 71,4% dos deputados eleitos ao seu lado. Número só é menor do que o do Amapá

JÚLIA SCHIAFFARINO
juliaschiaffarino.pe@dabr.com.br

Publicação: 30/10/2014 03:00

 (EDITORIA DE ARTE/DP)


Dentro de dois meses o governador eleito, Paulo Câmara (PSB), assume com uma bancada de apoio no Legislativo estadual desejável a qualquer governante. O socialista terá a segunda maior base do Brasil. Dos 49 deputados eleitos no estado, 35 integram o grupo dele, o que representa 71,4% da Casa Joaquim Nabuco. “De maneira bem prática ele tem número superior ao necessário para aprovar qualquer mudança na Constituição do estado. Também supera e muito o mínimo necessário para aprovar leis complementares”, comentou o cientista político León Victor de Queiroz Barbosa.

O analista ressalta, porém, que esse amplo apoio tem custos que se converterão em uma espécie de “batismo de fogo” para Câmara. O desafio dele será dialogar com essa multiplicidade de forças, de maneira a que todas se sintam contempladas no Executivo, sob o risco de ter esse grupo reduzido ao longos dos próximos quatro anos. “Ele terá que saber articular muito bem essa bancada”, disse. Ele explica que ao darem apoio na Assembleia os partidos requerem “poder” no Executivo. “Esse tipo de arranjo não dá trabalho quando é feito por um articulador político. Mas Paulo Câmara é um técnico e esse será o primeiro grande desafio dele”, disse.

Líder de governo nos últimos quatro anos, Waldermar Borges (PSB) ressaltou que mudanças não são descartadas e ainda é preciso tempo para traçar perfil da bancada. “As coisas só ficarão mais claras depois transição (de governo). Há uma série de movimentos posteriores às urnas que são normais ao Parlamento”, disse. Reeleita pelo PT, a deputada Teresa Leitão, por outro lado, não vê espaço para grandes alterações. “Quem era oposição quando Eduardo foi eleito (DEM e PSDB), hoje é governo. E PT e PTB que eram governo, agora foram eleitos como oposição. Então não vejo muito espaço para mudanças. Claro que o perfil é diferente e por sermos menores, teremos que ter consistência”, falou a petista. Teresa Leitão avalia, no entanto, que o número de deputados que integra o grupo “é bom, apesar de ser menor”.

Além da reforma administrativa, esperada para o início da próxima legislatura, os deputados terão que lidar com uma série de obras ainda inconclusas, como os corredores Norte e Sul. “Isso terá eco na Assembleia e a oposição deverá verbalizar esses assuntos. Creio que um dos primeiros embates dirá respeito justamente a essas obras”, prevê León Victor. O cientista político também chamou a atenção para alguns atores que poderão ora encorpar a bancada de oposição, ora se portar de maneira independente, como Priscila Krause (DEM) e Edilson Silva (PSol). “Eles merecem atenção”.

Saiba mais

Assembleias legislativas em números

Onde os governadores terão as maiores bancadas

Estado    governador    percentual
Amapá     Waldez Góes (PDT)    83,3%
Pernambuco     Paulo Câmara (PSB)     71,4%
Rio de Janeiro     Luiz Fernando Pezão (PMDB)    68,5%
Paraná     Beto Richa (PSDB)    66,6%
Ceará     Camilo Santana (PT)     65,2%

Onde os governadores terão as menores bancadas

Rio Grande do Norte    Robinson Faria (PSD)    25%
Maranhão    Flávio Dino (PCdoB)    30%
Minas Gerais    Fernando Pimentel (PT)    33%
Piauí    Wellington Dias (PT)    33%
Tocantins    Marcelo Miranda (PMDB)    33,3%

Base governista ao longo dos governos pernambucanos

Miguel Arraes (eleição 1986)
51%

Joaquim Francisco (eleição 1990)
48,9%

Miguel Arraes (eleição 1994)
44,8%

Jarbas Vasconcelos (eleição 1998)
65,3%

Jarbas Vasconcelos (eleição 2002)
48,9%

Eduardo Campos (eleição 2006)
67,3%

Eduardo Campos (eleição 2010)
81,6%