Mais cinco petistas na Esplanada em Brasilia Dilma indica sete novos ministros para o segundo mandato e confirma a tendência de se cercar de subordinados menos ligados a Lula

Publicação: 30/12/2014 03:00

A presidente Dilma Rousseff, que prometeu, em café da manhã com jornalistas na semana passada, concluir a equipe ministerial até ontem, fechou mais sete nomes de titulares da Esplanada, mas deixou os 15 restantes para serem confirmados ao longo dos últimos dois dias do ano. A lista não trouxe surpresas (leia quadro). A presidente acatou as indicações feitas por PP e PR — Gilberto Occhi e Antonio Carlos Rodrigues, respectivamente. E manteve a disposição original de confrontar a principal tendência do PT. O núcleo de poder palaciano passa a ser formado por petistas mais próximos a Dilma do que a Lula, o que desagradou ao próprio ex-presidente.

Restam algumas dúvidas na conclusão da reforma, prevista para ocorrer entre hoje e amanhã. No pacote confirmado ontem, não ficou claro se o futuro ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, agregará a verba de publicidade do governo, o que esvaziaria a necessidade de um nome para a Secretaria de Comunicação.

Na pasta da Cultura, por exemplo, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, quer emplacar o jornalista e escritor Fernando Morais, mas parte da legenda defende Juca Ferreira. Com a saída do Ministério da Defesa, há especulações sobre o retorno de Celso Amorim para as Relações Exteriores. Mas, para isso, o segundo mandato de Dilma precisará ter uma visão de política externa muito distinta da atual.

O PT também mantém a implicância com a possibilidade de permanência de Ideli Salvatti na Secretaria de Direitos Humanos. A ala gaúcha petista defende a volta de Maria do Rosário. Uma provável definição diz respeito ao Ministério do Trabalho. Ontem, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, confirmou a permanência de Manoel Dias na pasta.

Saiba mais

Transporte

Antonio Carlos Rodrigues
A pasta se mantém sob comando do PR. O novo titular é senador por São Paulo e secretário-geral do partido, que conseguiu dobrar as resistências do Planalto ao fato de que Rodrigues é próximo de Valdemar Costa Neto, condenado no julgamento do mensalão. Pesou a proximidade do novo ministro com o PT.

Integração Nacional

Gilberto Occhi
Ligado ao PP, ele deixa o comando do Ministério das Cidades para assumir a pasta. É funcionário de carreira da Caixa Econômica, onde foi vice-presidente de Governo.  Os integrantes do PP optaram por um técnico, pela dificuldade em escolher um nome do Nordeste para ocupar a pasta.

Secretaria Geral

Miguel Rossetto
O petista foi ministro do Desenvolvimento Agrário e deixou o governo em setembro para coordenar a campanha presidencial de Dilma. Deverá desempenhar um importante papel na articulação política do governo e na abertura de um espaço permanente de diálogo com movimentos sociais, sindicatos e outros setores da sociedade.

Desenvolvimento Agrário

Patrus Ananias
Ex-ministro do Desenvolvimento Social no governo Lula, o deputado federal pelo PT de Minas Gerais assume a pasta no lugar de Miguel Rossetto. A escolha dele simboliza a reconciliação do partido entre seu grupo e o do governador eleito Fernando Pimentel, que se aliou ao PSDB em 2008.

Relações Institucionais

Pepe Vargas
Ex-ministro do Desenvolvimento Agrário vai assumir a pasta responsável pela articulação política do governo. Ele é do PT do Rio Grande do Sul e de confiança de Dilma Rousseff. Com a escolha dele, o  núcleo de poder palaciano passa a ser formado por petistas mais próximos à presidente.

Comunicações

Ricardo Berzoini
A presidente atendeu um pedido do PT ao deslocá-lo do Ministério das Relações Institucionais para a pasta. Ocupará o lugar de Paulo Bernardo. O petista é considerado o principal representante do PT no futuro ministério, mas foi afastado do núcleo de poder do Palácio do Planalto.
 
Previdência

Carlos Gabas
O secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Carlos Gabas, assumirá a pasta.  É muito próximo à presidente — tanto que ambos já deram voltas de moto, sozinhos, pela noite brasiliense —, Gabas sempre foi encarado como o “espião petista” nas gestões do PMDB na Previdência.