Terceirização: mais alfinetadas
O senador Renan Calheiros (PMDB/AL) solta nota em que mantém críticas ao projeto, e o deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ) rebate
Publicação: 25/04/2015 03:00
Cunha e Renam chegaram a manifestar publicamente opiniões divergentes sobre projeto da terceirização |
Em Campo Grande, Cunha alfinetou: “Velocidade de tramitação da proposta no Senado dependerá da maioria dos senadores, não de Renan”. “Ele (Renan) ter ou não ter pressa é uma decisão pessoal dele. Se o Senado assim o aceitar, passa a ser decisão do Senado. Eu não sou o dono da Câmara. O que eu falo ou faço é quando eu estou representando a maioria. Eu não posso dizer que não quero fazer isso ou aquilo. A Câmara é que decide”, disse Cunha.
No comunicado, Renan reitera críticas feitas ao texto aprovado pelos deputados, especialmente o ponto que permite a terceirização das atividades-fim das empresas, e diz que o projeto será alvo de uma discussão “criteriosa” na Casa. “Terceirizar a atividade-fim, liberar geral significa revogar a CLT, precarizar as relações de trabalho e importa numa involução para os trabalhadores brasileiros. Um inequívoco retrocesso”, disparou.
Após a Câmara aprovar o projeto de lei que regulamenta a terceirização, senadores defenderam alterações na proposta e Cunha rebateu, lembrando que caberá à Câmara a última palavra sobre o tema. Renan, então, sinalizou que a tramitação da matéria no Senado deve ser demorada. Pelas regras do Congresso, como o projeto de lei teve origem na Câmara, ele deve voltar à Casa caso sofra alterações no Senado. Se alterado, só depois de passar pela Câmara será encaminhado para sanção ou veto da presidente Dilma Rousseff.
Histórico
Quarta, os deputados concluíram a votação do Projeto de Lei nº 4.330/2004, que regulamenta a terceirização. O texto, que tramitou por mais de uma década na Câmara, precisa agora passar pelo Senado, e Renan disse, quinta, que não há pressa. Ele se manifestou contra a permissão para a terceirização da atividade-fim, que classificou como uma “pedalada” contra os trabalhadores.
Renan também criticou o que chamou de pressa da Câmara para aprovar o projeto, o que também foi rebatido por Cunha. “A Casa votou um requerimento de urgência do projeto, que teve a maioria absoluta. A partir daí foram votados relatórios, substitutivos, destaques e emendas e se construiu um texto que reflete a maioria da Casa”, disse Cunha.
O projeto foi votado após determinação de Cunha em analisar o PL. O presidente da Câmara disse ter decidido colocar o projeto em votação para evitar um vácuo jurídico.