Manobras para salvar e punir Cunha
Deputada que tinha voto decisivo no Conselho de Ética se esconde no gabinete do PRB e adversários adiam votação para evitar derrota
Publicação: 08/06/2016 03:00
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Em cinco horas de sessão, houve bate-boca, com deputado chamando outro de "ladrão" |
De lá, orientava seus assessores a dizerem que compareceria para votação do parecer do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) pedindo a cassação do mandato de Cunha. No entanto, a deputada acabou não indo ao plenário da reunião, mesmo quando a votação estava prestes a começar. O voto de Tia Eron é decisivo. Sem o voto dela, o placar atualmente é de 10 votos contra a cassação e 9 votos a favor. Caso vote a favor da perda de mandato de Cunha, ela empatará o placar, dando ao presidente do conselho, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), a oportunidade de desempatar. Araújo é favorável à cassação.
Ontem, caso não tivesse votado, quem votaria em seu lugar seria o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), aliado de Cunha e primeiro suplente a registrar presença. A manobra de opositores a Cunha para adiar a votação foi possível graças ao voto em separado apresentado por aliados do peemedebista. Sem Tia Eron para tentar garantir a aprovação da cassação, Marcos Rogério pediu ao presidente do conselho - e foi atendido - para adiar a votação, para que tivesse tempo para analisar o voto em separado apresentado pelo deputado João Carlos Bacelar (PR-BA).
No voto em separado, o aliado de Cunha propôs uma pena mais branda: a suspensão do mandato do peemedebista por três meses. No fim da sessão do conselho, a ideia era adiar a votação hoje. No entanto, durante as votações de ontem no plenário, Araújo anunciou o cancelamento da sessão de hoje. Oficialmente, a medida seria para ceder espaço a votações de matérias relevantes para o governo em plenário.
Aos aliados, Araújo disse que adiara a votação do caso Cunha, por medo de rejeição do parecer contra peemedebista, caso a votação fosse ontem. Para adversários do peemedebista, o adiamento da votação será favorável. O grupo acredita que a pressão da imprensa e de parlamentares fará com que Tia Eron acabe votando a favor da cassação de Cunha.
Opositores do presidente afastado da Câmara acusam o governo Michel Temer de ter pressionado o PRB, que possui cargos no governo, para que a deputada votasse a favor de Cunha. Ministros palacianos negam interferência.
Cunha criticou o adiamento, que classificou de “antirregimental”. Araújo disse que sua decisão está amparada no artigo 57 do regimento interno, que prevê prazo ao relator para analisar manifestações de membros na discussão do parecer. Durante a sessão, os deputados Zé Geraldo (PT-PA) e Wladimir Costa (SD-PA) bateram boca a ponto de Wladimir chamar colega de “ladrão”. (Agência estado)