Sem surpresa para pernambucanos
Parlamentares do estado no Congresso Nacional dizem que prisão já era esperada e comemoraram operação realizada ontem pela Polícia Federal
JÚLIA SCHIAFFARINO
julia.schiaffarino@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 20/10/2016 03:00
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Humberto acredita que delação poderá deixar a base aliada em maus lençóis |
Além de “comemorar” os pernambucanos disseram que isso já era aguardado, ainda que tenha causado surpresa entre muitos. “Cunha embarcou num trem cuja parada final era a cidade de Curitiba”, afirmou o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMBD). Ele também reforçou a tese de Betinho Gomes, de que a prisão de Cunha enfraqueceria o discurso de “seletividade partidária”. “Com mais esse passo, a Lava-Jato se fortalece e se consolida como a maior frente de investigação contra a corrupção já ocorrida no país”.
Um dos últimos parlamentares do estado a se declarar contra o ex-presidente foi Kaio Maniçoba (PMDB), que também ontem classificou a prisão do peemedebista como algo que “fortalece a democracia”. “É importante que a Lava-Jato esteja andando, mas é ruim para o parlamento, porque nenhum colega quer que outro seja preso. Mas é importante, sim, que haja justiça”, falou do correligionário de Cunha. O deputado, assim como Jarbas, votou pela eleição de Cunha em consonância com o partido, o PMDB. Cunha teve apoio de outros cinco deputados de Pernambuco. Todos, porém, votaram pela cassação dele em setembro, o que ocasionou a perda do foro privilegiado, condição para que as investigações passassem à primeira instância, junto ao juiz Sério Moro.
Ontem, o deputado Silvio Costa (PTdoB) afirmou, na tribuna da Câmara, que a prisão de Cunha vai representar o fim do governo do presidente Michel Temer. Costa foi um dos muitos deputados da oposição que defenderam que Cunha deveria fazer uma delação premiada e contar detalhes dos esquemas de corrupção do qual é acusado de participar, como o investigado pela Lava-Jato. “Muitos deputados vão aumentar o uso de Lexotan, e eu sei que lá no Palácio do Planalto tem muita gente pedindo entrega a domicílio de calmante”, disse Costa.
O deputado Ivan Valente (PSol-SP) também afirmou que um eventual acordo de colaboração premiada de Cunha poderia prejudicar Temer. “Cunha é a delação das delações, ele, sem dúvida, pode derrubar o governo do presidente Michel Temer”, disse.
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR) disse, no entanto, que a prisão representa a “queda da República” brasileira. Serraglio foi escolhido presidente da CCJ para o ano legislativo de 2016 por articulação de Cunha, quando o peemedebista ainda era presidente da Câmara. O parlamentar conseguiu o posto após fazer acordo com Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), que também queria ser presidente da comissão. (Com agências)
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