Contra corrupção, Maia, Renan e pela Lava-Jato Em todos os estados do país, cerca de 75 mil pessoas, segundo a PM, foram às ruas em novos protestos

Publicação: 05/12/2016 03:00

Todos os estados do Brasil foram palco, ontem, de novos protestos, que tomaram ruas, praças e largos em diversas cidades do país. Dessa vez, as manifestações tiveram como foco central o Congresso Nacional e os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Os atos também se apresentaram com o objetivo de apoiar a Operação Lava-Jato e o juiz Sérgio Moro dias depois de o plenário da Câmara modificar e aprovar, na madrugada da última quarta-feira, o pacote anticorrupção, proposto inicialmente pelo Ministério Público Federal.

Organizados pelos movimentos Brasil Livre (MBL), Vem pra Rua e Nas Ruas, os atos contaram com a presença de pelo menos 75 mil pessoas, segundo a Polícia Militar (excluindo as localidades onde a PM não fez a contagem). Já os organizadores estimam mais de 480 mil manifestantes, em cerca de 82 cidades. Em São Paulo, pelo menos sete quarteirões da Avenida Paulista foram ocupados pelo protesto. Cálculos da PM indicam a presença de 15 mil pessoas apenas na via.

Milhares de pessoas se reúnem para protestar contra a corrupção na avenida Paulista neste domingo (4). A maioria está vestida de verde ou amarelo, e muitos levam cartazes e gritam pedindo “Fora Renan”, em referência ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB).

Em discurso no carro do MBL, um dos líderes do grupo, Fernando Holiday afirmou que o protesto é independente de partidos. “Pode ser PSDB, PMDB, PT, o povo se cansou”, disse ele, que se elegeu vereador em São Paulo pelo DEM, em outubro, e toma posse no mês que vem. “Eles pensaram que a gente ia voltar para casa. Mas vamos voltar às ruas até eles tomarem vergonha na cara”. O MBL mantém interlocução com Temer desde a posse, em maio.

Em Brasília, os manifestantes jogaram desenhos de ratos no lago em frente ao Congresso Nacional em repúdio contra a corrupção. Renan foi o principal alvo na capital federal. Seu nome foi escrito no desenho de um rato com o rabo preso a uma ratoeira denominada Lava-Jato. A PM do Distrito Federal informou a presença de cerca de 5 mil pessoas (30 mil, segundo os organizadores).

O Palácio do Planalto, embora não tenha sido alvo direto das manifestações, mostrou-se preocupado durante toda a semana passada, e ontem divulgou nota, no fim da tarde, na qual defendeu que os “Poderes da República estejam sempre atentos às reivindicações da população brasileira”.

Renan e Maia também se posicionaram. Em nota, o senador afirmou que as manifestações eram legítimas. “O presidente do Senado, Renan Calheiros, entende que as manifestações são legítimas e, dentro da ordem, devem ser respeitadas”, diz o texto. O peemedebista acredita que, à semelhança do que houve em 2013, quando, no auge das manifestações, o Senado votou propostas contra a corrupção, mais uma vez está “sensível às demandas sociais”.

Maia afirmou que a Câmara recebeu com atenção as manifestações. Também em uma curta nota oficial, avaliou que as manifestações são “legítimas e democráticas”. Para ele, “manifestações, em caráter pacífico e ordeiro, servem para oxigenar a jovem democracia brasileira e fortalecer o compromisso do Poder Legislativo com o debate democrático e transparente de ideias”.

Investigadores da operação e juízes acreditam que as alterações no pacote anticorrupção aprovadas pela Câmara foi “retaliação” dos parlamentares alvos da Lava-Jato com medidas como previsão de crime de abuso de autoridade para magistrados e promotores. (Da redação com agências)