Lula teria pedido para Léo Pinheiro destruir provas Sócio da construtora OAS quer fazer delação premiada e prestou depoimento ontem a Sérgio Moro

Publicação: 21/04/2017 03:00

Léo Pinheiro foi preso no ano passado e já teve pedido de delação negado pela PGR (WERTHER SANTANA /ESTADAO)
Léo Pinheiro foi preso no ano passado e já teve pedido de delação negado pela PGR

O empresário Léo Pinheiro, sócio da OAS, disse em audiência em Curitiba que o ex-presidente Lula pediu para ele destruir provas sobre propinas que a empreiteira pagou ao PT. Segundo Pinheiro, Lula e ele discutiram sobre propina em maio de 2014, dois meses depois da Operação Lava-Jato ter sido iniciada. Lula teria perguntado se a OAS pagava propina ao PT no Brasil ou no exterior, segundo o relato feito pelo empreiteiro. Léo respondeu que pagava no Brasil, tudo segundo o empresário.

O ex-presidente arguiu se ele mantinha os registros dos pagamentos feitos ao tesoureiro do PT à época, João Vaccari Neto. O empresário disse que mantinha. Foi nesse momento, segundo Léo Pinheiro, que Lula disse para ele destruir tudo já.

Pedido
Segundo Léo Pinheiro, foi o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto que o procurou para participar do empreendimento onde foi construído o tríplex em Guarujá, o Condomínio Solaris. “Eu fiz uma ressalva que a empresa só atuaria em grandes capitais”, disse Pinheiro. “Ele me disse: ‘Olhe, aqui tem algo diferente. Existe um empreendimento que pertence à família do presidente Lula. Diante do seu relacionamento com o presidente, o relacionamento da empresa, nós estamos lhe convidando para participar disso’”.

Pinheiro disse que procurou Paulo Okamotto, atual presidente do Instituto Lula, que confirmou a informação.

DELAÇÃO
Condenado a 39 anos de prisão e preso pela segunda vez desde setembro do ano passado, Léo Pinheiro negocia um acordo de delação premiada no qual prometeu entregar irregularidades de Lula, do PT e de ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Após o depoimento de ontem, os advogados Roberto Telhada e Edward Carvalho deixaram a defesa do empreiteiro. Ele era cliente dos criminalistas desde que foi preso pela primeira vez, em novembro de 2014.

Antes do depoimento, o Ministério Público confirmou que Léo Pinheiro tem negociado delação premiada com os procuradores. A defesa de Pinheiro disse a Moro que essa negociação não foi feita pelos advogados.

O Instituto Lula nega que o ex-presidente tenha pedido a Léo Pinheiro para destruir provas de propina ao PT. A entidade diz que a afirmação foi feita por um empresário que negocia um acordo de delação com a exigência de incriminar Lula. “O depoimento de Léo Pinheiro, como a própria imprensa noticiou, foi feita em meio a um processo de negociação de delação premiada, que está sendo negociada com os procuradores desse caso. Também foi exigido dele que incriminasse o ex-presidente, segundo reportagem da Folha. A afirmação é desprovida de provas e faz ilações sobre supostos acontecimentos de três anos atrás que jamais ocorreram. Ela foi feita por alguém que busca benefícios penais”. (Folhapress)