Irmã de Aécio é levada à prisão Andrea Neves foi uma das pessoas detidas ontem na Operação Patmos. Ela é considerada o braço direito do senador durante sua carreira política

Publicação: 19/05/2017 03:00

A imagem pública do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) foi moldada pela irmã mais velha, Andrea Neves, 58, presa ontem pela Polícia Federal. Apesar de preferir evitar exposição pública, a neta de Tancredo foi a grande estrategista da gestão Aécio desde o período em que ele governou Minas (2003-2010), controlando discursos e aparições do entãogovernador e gerindo crises do mandato.

A Aécio, melhor no trato pessoal, cabia a parte de fazer política miúda e ser a figura de destaque da família. Segundo aliados, os dois se complementavam. No governo, ela comandava oficialmente o Servas, -serviço social ligado ao governo cuja presidência normalmente é reservada às primeiras-damas - e coordenava o grupo responsável pela comunicação do estado. Os cargos, diz Aécio, não eram remunerados.

Andrea também ajudou a tocar as campanhas do irmão, inclusive à Presidência em 2014, e de aliados, como o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB), eleito em 2008. Obsessiva por trabalho, ficou conhecida pela rigidez nas cobranças a quem trabalhava com ela. Também era temida pelo modo como desconstruía os adversários nas campanhas. Dizia que na eleição não se dá um soco no adversário, mas “se faz furinhos e deixa ele sangrar”.

Embora a própria Andrea nunca tenha se candidatado, sempre foi ligada à política, inclusive por acaso – em 1981, ia a um show de comemoração ao Dia do Trabalhador no Riocentro quando socorreu o capitão que transportava as bombas que explodiram no conhecido atentado frustrado no local.

Recentemente, decidiu fazer uma rara aparição para se defender. Publicou um vídeo na internet em que chora ao negar acusação de ter recebido dinheiro da Odebrecht em conta no exterior. “Eu gostaria de olhar nos olhos da minha mãe e da minha filha e dizer: é mentira”, afirmou no vídeo.

Andrea foi presa em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, por outra acusação. O empresário Joesly Batista, da JBS, disse em delação que ela pediu dinheiro em nome do irmão. O advogado dela, Marcelo Leonardo, afirma que a relação com o empresário era “de caráter pessoal e sem nenhum vínculo com a administração pública”.

Resumo

Operação Patmos Batizada pela Polícia Federal em referência à ilha grega, onde o apóstolo João teve visões do Apocalipse - foi deflagrada a partir da delação da JBS, revelada pelo jornal O Globo

Os pedidos de prisão e busca e apreensão foram feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base na delações dos donos da JBS e em apurações da Polícia Federal

De acordo com a PGR, o objetivo da operação foi apreender documentos, livros contábeis e fiscais, arquivos eletrônicos, telefones, valores e objetos que podem se relacionar à investigação

A investigação apura os crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, constitutição e participação de organização criminosa, dentre outros

41 mandados de busca e apreensão foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin

8 de prisão preventiva

5 estados ocorreram a ação: Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Maranhão e Paraná

Alguns dos presos

Andrea Neves

Irmã do senador Aécio Neves, que é jornalista e sua principal assessora, foi presa porque há suspeitas de que ela tenha pedido dinheiro ao empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, em nome do irmão. Ela é considerada operadora do senador nas investigações da Lava-Jato.

Frederico Pacheco de Medeiros
Primo de Aécio teria sido filmado recebendo R$ 2 milhões a mando do empresário Joesley Batista

Mendherson Souza Lima
Assessor parlamentar e cunhado do senador Zeze Perrella (PMDB-MG), é ex-vice-presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). Foi é citado na delação como a pessoa que recebeu o dinheiro. A PF informou que apreendeu na casa dele R$ 400 mil em dinheiro
 
De acordo com a Secretaria Estadual de Administração Prisional de Minas Gerais, Andrea ficará em uma ala separada do pavilhão principal, dado o tipo de crime do qual ela é suspeita, das condições de sua prisão e repercussão do caso.

Andrea ficará abrigada em uma cela individual de 2,5 m x 3 m

O local dispõe de cama, vaso sanitário e chuveiro

Ainda de acordo com a Seap, ela vai estar submetida a todos os procedimentos do presídio, como quatro alimentações diárias, banho de sol, visitas e assistências médica e psicossocial