Painel político

por Daniela Lima/folhapress
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Publicação: 01/05/2017 03:00

Quem sabe faz na hora

Dois dados da última pesquisa Datafolha vão nortear a estratégia do PT para projetar a candidatura de Lula à Presidência: a alta insatisfação com o governo Michel Temer e o índice de 85% de apoio à convocação de eleições diretas. Os petistas centrarão fogo na propaganda pela antecipação da disputa de 2018, ainda que não acreditem que isso vá ocorrer. Querem ampliar a pressão sobre a Lava-Jato e inflar o discurso de que qualquer ação contra Lula tem o objetivo de tirá-lo do páreo.

Check! // A pesquisa confirmou a projeção de entusiastas da candidatura de Lula de que a divulgação das delações da Odebrecht teria efeito paradoxal sobre a imagem dele.

Bumerangue // A avalanche de acusações aumentou o noticiário negativo sobre o petista, mas também lançou lama sobre a oposição. Isso, dizem aliados, deu vazão a uma espécie de pragmatismo eleitoral em fatia da população que avalia positivamente o legado econômico de Lula.

Órfã // O bom desempenho do petista no Datafolha também vai acelerar o processo de isolamento de Dilma Rousseff dentro do PT. O ato no Rio Grande do Sul em que Lula apareceu ao lado dela não se repetirá em outros estados.

É dela // O governo está atento a esse movimento e tentará desidratá-lo. Vai explorar em mensagens nas redes sociais a “herança” deixada pela petista. “Quem pariu Mateus que o embale”, afirma um auxiliar de Michel Temer.

Custou caro // O tucanato admite que errou ao deixar Jair Bolsonaro (PSC-RJ) correr de maneira acrítica. Avalia que, ao minimizar o potencial competitivo do militar e optar pelo silêncio, facilitou seu crescimento no campo da direita, que despreza ataques feitos por PT e PSol.

Na coxia // Apesar de ter minimizado o impacto da greve geral da última sexta, o governo mandou sinais de que quer retomar o diálogo. Paulinho da Força (SD-SP) disse que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi quem deu o recado.

Lições do passado // Reunidos no aeroporto às vésperas da greve, ministros do governo Temer tentavam projetar o efeito político da manifestação. Um deles fez um alerta: “Dilma subestimou muito o poder do Paulinho”.

Didático // O governo vai rediscutir a situação do PTN. O partido ganhou a presidência da Funasa, mas não entregou os votos na reforma trabalhista. Nesta terça, dois deputados do PTN e um do PMDB vão perder cargos no órgão. No Dnit, serão cortados cargos do PR e do PSB.

É guerra // A base teria 411 integrantes se todos os deputados das siglas aliadas votassem com o governo. Como o número não se confirma no plenário, “é melhor ter 300 de Esparta”, diz um ministro.

Tiroteio

"Mulher não existe como trabalhadora. É assim que ele vê o país. Temos de ser as primeiras a dizer que invisível é o Temer"
DA DEPUTADA MARIA DO ROSÁRIO (PT-RS), sobre Michel Temer ter dito ao Programa do Ratinho que governos precisam de marido para não quebrar

Contraponto

Vocês que se entendam

O deputado João Carlos Bacelar (PTN-BA) levou ao plenário seu descontentamento com a postura do relator da reforma da Previdência, Arthur Maia (PPS-BA). Segundo ele, o colega não poderia admitir emendas ao texto feitas individualmente por um parlamentar. Antes de solicitar que Rodrigo Maia (DEM-RJ) apreciasse a questão, Bacelar lembrou que o ex-presidente da Casa, Luís Eduardo Magalhães, analisara caso similar no passado.
– Recolho a questão de ordem e prometo respondê-la, apesar de ser um problema, pelo que estou vendo, baiano: Vossa Excelência é baiano, o relator é baiano e o ex-presidente [da Câmara] é baiano – disse Rodrigo Maia.