Comícios escalonados por falta de policiamento Na reta final da eleição suplementar de Belo Jardim, candidatos não podem ir às ruas no mesmo dia

Cláudia Eloi
claudia.eloi@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 24/06/2017 03:00

O acirramento do clima eleitoral em Belo Jardim, no Agreste, por conta da eleição suplementar no dia 02 de julho, e a escassez de policiamento para garantir a realização dos comícios dos três candidatos no mesmo dia levou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE) a escalonar as datas dos comícios. A decisão não agradou a dois dos três concorrentes.

O PTB, do candidato Hélio dos Terrenos, encaminhou ofício à Secretaria de Defesa Social pedindo o aumento do efetivo para que os três comícios fossem realizados na mesma noite do dia 29. O candidato Gilvandro Estrela (PV) afirmou ter pedido à Justiça Eleitoral para reconsiderar a decisão, mas teve o pedido negado.

Pela escala do TRE, o comício do candidato Gilvandro Estrela (PV), que tem o apoio do ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), será realizado na terça-feira. O de Hélio dos Terrenos (PTB), que conta com o apoio do senador Armando Monteiro, será na quarta. Já o candidato Luiz Carlos (PSB), apoiado pelo ex-prefeito João Mendonça (DEM), será no fechamento da campanha, no dia 29. Segundo a Justiça eleitoral, o critério adotado para definição das datas dos comícios eleitorais foi por ordem de protocolo de entrada do pedido de cada coligação.

Segundo os candidatos, o argumento usado pela Polícia Militar e acatado pela Justiça Eleitoral para realizar os comícios em dias alternados foi a falta de policiamento necessário para garantir a tranquilidade e segurança da população. “Estou em Belo Jardim há quarenta anos e nunca vi esse tipo de proibição. Temos tradição de fazer de dois a três comícios ao mesmo tempo e sempre aconteceu sem maiores problemas”, criticou Gilvandro Estrela.

O coordenador da campanha de Hélio dos Terrenos, Cecílio Galvão, disse que os candidatos não tiveram outra escolha a não ser acatar os dias definidos pela Justiça eleitoral para a realização dos comícios. “Ou a gente fazia o acordo ou ficava sem comício. O clima está acirrado e o comandante do batalhão disse que não tem efetivo suficiente. Na cidade só tem de uma ou duas viaturas para atender uma população de 90 mil habitantes. A população está entregue à própria sorte”, destacou.

Em sua avaliação, o Batalhão de Belo Jardim, funciona na prática como uma companhia, já que não dispõe de policiais suficientes para garantir a segurança da população. “À noite só tem uma viatura e dois homens para policiar a cidade.. A criminalidade está alarmante. Somente este ano 32 pessoas foram assassinadas. O estado não tem policiamento”, condenou Gilvandro.

Por meio da assessoria, a Polícia Militar informa não serem verdadeiras as declarações dos candidatos de Belo Jardim quanto à restrição dos comícios por falta de segurança. “O problema é que os três postulantes à prefeitura querem realizar comícios no mesmo dia, no mesmo horário e local, no centro da cidade. Pelo clima acirrado que vem acontecendo a campanha, seria uma temeridade permitir. São grandes eventos com as pessoas tratando adversários como verdadeiros inimigos e, por isso, é preciso um mínimo prudência na organização dos eventos de rua”, diz o texto.

Quanto ao policiamento à disposição na cidade, a PM informa que “além de duas guarnições do motopatrulhamento realizado pela Rocam e do efetivo extra lançado na cidade, são realizadas constantemente operações especiais em Belo Jardim, como a Flecha Batalhão, para garantir a tranquilidade a sociedade”, explica a PM.