O envolvimento de artistas na política brasileira não é raro. O compositor e cantor Geraldo Vandré, autor da premiada música Pra não dizer que não falei das flores (mais conhecida como Caminhando), pagou um preço alto por fazer oposição ao regime militar. Depois de compor a canção que provocou euforia na juventude, às vésperas do AI-5, em 1968, Vandré teve que se exilar no Chile, e voltar ao Brasil anos depois. Chico Buarque passou pela mesma perseguição, sendo conhecido até hoje como o mais engajado dos compositores na luta contra a ditadura. Era conhecido pelo dom de despistar a censura em suas letras e chegou a precisar de um pseudônimo (Julinho de Adelaide) para publicar um álbum sem ligação com o calor do momento. Sua música Cálice, arrebatou corações com mensagens subliminares sobre a tensão do golpe militar.

Em 2002, a atriz até então considerada namoradinha do Brasil, Regina Duarte, causou polêmica ao aparecer num programa do PSDB - o candidato era José Serra - e dizer que tinha “medo” de Lula. Na época, outros artistas se posicionaram contra, sendo um dos motes da campanha do petista, que focou nos programas eleitorais a palavra “esperança”.

Mais recentemente, os atores do filme Aquarius, dirigido pelo pernambucano Kleber Mendonça, causaram reações de amor e ódio no Brasil ao segurar uma faixa no tapete vermelho de Cannes e denunciar “o golpe” contra Dilma Rousseff (PT). Nas redes sociais, havia convocação de petistas para que as sessões do filme fossem lotadas, enquanto outros defendiam o boicote da película. (A.M)