Um cenário favorável a novos nomes Desgaste do governo e investigações da Lava-Jato deixam espaço aberto para figuras de fora do mundo político

Publicação: 22/07/2017 03:00

O coordenador de análise política Thiago Vidal lembra que a eleição do ano que vem será de “renovação”. “Qualquer figura política associada ao atual governo dificilmente terá chances de se reeleger, seja deputado, governador ou presidente. Isso abre espaço para os partidos que não estão colados a este governo, sobretudo os mais novos”, disse Vidal.

O deputado Major Olímpio (SD-SP) também se diz descrente de vencedores que sejam conhecidos, na atual conjuntura. “Acho muito precoce qualquer discussão sobre 2018. Talvez quem vá disputar ganhe a eleição por W.O. Acho que brancos e nulos terão maioria”, disse. O deputado apostou em novos nomes, como Joaquim Barbosa, Sérgio moro e o apresentador Luciano Huck. “Seja quem for, terá uma chance enorme. O pior cenário são os atuais. Seria o ruim contra o pior.”

Nesse núcleo de “renovação”, também entram candidatos de centro-direita, como João Doria, atual prefeito de São Paulo e um dos nomes mais cotados para disputar a presidência pelo PSDB em 2018. O tucano, no entanto, é uma opção muito mais viável caso Lula não seja impedido de ser candidato. Ele é visto como uma figura “anti-Lula”, mas não como um candidato individualmente forte, a não ser que tenha amplo apoio do PMDB e do DEM. “Ele teria chances, porque assim teria uma força partidária boa. Essa é a equação: candidato forte com estrutura forte”, diz o advogado Murillo de Aragão.

A outra opção do PSDB seria o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Ele disputou as eleições presidenciais de 2006 e perdeu, mas continua com nome forte dentro do partido, especialmente entre os integrantes mais antigos. O deputado Major Olímpio destacou que as apostas do PSDB ou estão envolvidas em escândalos, ou sendo processadas. Doria está limpo, mas vai ter que lutar contra o criador, Alckmin.

Para os eleitores e aliados de Bolsonaro, a vitória é certa se Lula não for preso. Torcem, inclusive, para que o líder do PT só seja condenado em segunda instância após o pleito de 2018. A situação para o militar só se complicaria se outros entrarem na disputa.

Para o deputado Capitão Augusto (PR-SP), a polarização ajuda Bolsonaro. “Com Lula, Bolsonaro vai para o segundo turno”, disse. O delegado Éder Mauro (PSB-PA) lembrou que Bolsonaro encostou em Lula na corrida presidencial. “Lula só tem os 30% da esquerda. A única coisa de que precisamos é de outros partidos que venham a se unir a nós. Bolsonaro ainda não tem coligações”, lembrou.

Mesmo se Rodrigo Maia, presidente da Câmara, vier a ser presidente este ano, por ser o sucessor legal, caso Michel Temer seja retirado da Presidência da República, ainda há dúvidas se ele teria capacidade de ser reeleito. “Ele estando no poder sempre tem o mínimo de chance, porque está com a caneta na mão, mas, na atual conjuntura, acho bem difícil que se reeleja. Ele não é conhecido por ter muitos votos”, disse Vidal. Maia é um deputado com recall eleitoral baixo, teve 53 mil votos em 2014. Além disso, a tendência é que, se chegar à Presidência da República, será com o apoio do PSDB e dos outros partidos da atual base. Sem esse pano de fundo, ele não teria chances em eleições diretas.A melhor opção do DEM, nesse caso, seria apoiar o candidato tucano.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), diz que ainda é cedo para o partido indicar um nome. “Primeiro temos de regularizar a situação dentro do país; a eleição de 2018 vem depois. Existem mil variáveis que precisam ser levadas em conta. Imaginar que o DEM tem um candidato agora é prematuro”, afirmou. Segundo ele, é “muito provável que o DEM, como vem fazendo, se articule com vários partidos de centro, como forma de encontrar uma candidatura”. Essas conversas já estão em andamento com PSB e PR, por exemplo. “Seguramente, o DEM haverá de montar articulações com partidos de centro para tentar encontrar um nome de consenso”, declarou Agripino. Já o líder do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (PB), defende que o partido lance seu próprio candidato. Além de Rodrigo Maia, ele cita, entre as opções, o senador Ronaldo Caiado (GO) e o atual prefeito de Salvador, ACM Neto. “Acredito que Lula não participará das eleições. Mas o DEM, em qualquer cenário, tem potencial”, disse Efraim. (CB)

Nomes cotados para 2018
A última pesquisa Datafolha do final de junho incluiu nomes novos , como os de Joaquim Barbosa, João Doria e Haddad. Lula lidera todos os cenários no 1º turno

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
No cenário com Doria e Barbosa, Lula tem 30%

Joaquim Barbosa (sem partido)
O ex-ministro do STF apareceu em 4º lugar com 10%

João Doria Júnior (PSDB)
Atual prefeito de São Paulo ficou em 5º com 9%

Marina Silva (Rede)
Nesse cenário a ex-senadora ficou em 2º com 15%

Jair Bolsonaro (PSC)
O deputado ficou na 3ª posição com 13% dos votos

Ciro Gomes (PDT)
No cenário sem Barbosa, Ciro fica em 5º, com 6%

Sérgio Moro (sem partido)
Sem Barbosa ou Doria, o juiz ficou em 2º, com 14%

Fernando Haddad (PT)
Sem Lula, Marina lidera e Haddad em 6º com 3%