Bunker com malas de dinheiro Pelo menos R$ 40 milhões foram encontrados pela PF em apartamento que é atribuído ao ex-ministro Geddel Vieira Lima, em Salvador

Publicação: 06/09/2017 03:00

Em mais uma fase da Operação Cui Bono, desdobramento da Lava-Jato, a Polícia Federal fez busca ontem em um imóvel, em Salvador, que seria usado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB). No local, apontado pela Polícia Federal como um “bunker” para armazenagem de dinheiro em espécie, foram encontrados pelo menos R$ 40 milhões em notas de R$ 50 e R$ 100, distribuídos em oito caixas e seis malas - o valor pode ser ainda maior uma vez que até o fechamento desta edição a contagem não havia sido finalizada.

Batizada de Tesouro Perdido, a ação foi autorizada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, e teve como objetivo avançar na investigação sobre a suposta organização criminosa que atuava na vice-presidência de pessoa jurídica da Caixa Econômica Federal, entre 2011 e 2013, quando Geddel ocupava o cargo. A suspeita dos investigadores é que o dinheiro encontrado esteja relacionado à propina recebida pelo peemedebista para liberar financiamentos e empréstimos da Caixa a grandes empresas.

Ao autorizar a operação, o juiz federal afirmou que Geddel “estava fazendo uso velado do aludido apartamento, que não lhe pertence, mas a terceiros, para guardar objetos/documentos”. Na decisão, o juiz ainda destaca que a Polícia Federal foi informada sobre a existência do local por meio de uma ligação telefônica.

A reportagem entrou em contato com o advogado Gamil Föppel, que representa o ex-ministro Geddel, mas ele não respondeu às ligações até o fechamento desta edição.

O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero disse não estar “surpreso” com a apreensão de mais de R$ 40 milhões em um endereço atribuído a Geddel. “Não posso dizer que estou propriamente surpreso. Mas, de fato, é espantoso”.

Calero protagonizou a crise que culminou com a saída de Geddel do governo Temer, em novembro de 2016, quando pediu exoneração alegando que o peemedebista o pressionou. “Que República é essa? Depois de testemunhar o ‘homem de mais inteira confiança’ de Temer correndo com mala de dinheiro, hoje descobre bunker do seu mais próximo ministro, por quem pediu favores especiais, e que se vangloriava de amizade de décadas. Detalhe: envolvidos soltos”. (AE)