Segue o impasse entre PMDB nacional e local Parte da executiva nacional foi mais favorável ao grupo de Jarbas, mas Jucá continua ao lado de FBC

Aline Moura
aline.moura@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 14/09/2017 03:00

Recém-filiado ao PMDB com a bênção da cúpula nacional, o senador Fernando Bezerra Coelho sofreu uma derrota parcial, ontem, durante a reunião da executiva nacional da legenda, em Brasília. No encontro, a queda de braço entre ele e o grupo do deputado federal Jarbas Vasconcelos esteve em debate, mas quatro integrantes da cúpula peemedebista pediram o arquivamento imediato do pedido de dissolução do diretório de Pernambuco. Nada ficou definido, entretanto. Outros três recomendaram uma conciliação, incluindo o presidente nacional da sigla, Romero Jucá (PMDB), que não votou, mas continuou ao lado de FBC. Jucá chegou a se confraternizar com o senador logo após o encontro. “Não vamos procurá-lo. Não há ponto de convergência”, declarou Raul ao sair da reunião.

O vice-governador se disse surpreso ao saber que o pedido de interdição no diretório estadual do PMDB partiu de Orlando Tolentino, que passou sete anos como secretário de governo do então prefeito de Petrolina Julio Lossio (PMDB). Tolentino faz parte do grupo político do prefeito Miguel Coelho (PSB), filho de FBC, desde julho de 2016. “No pedido de dissolução do diretório, o assessor de Miguel Coelho disse que o PMDB tinha um desempenho eleitoral insuficiente, mas já provamos que não é verdade. Na última eleição, crescemos 128%”, declarou Raul. “Considero que a reunião foi muito positiva para nós, porque ninguém apoiou o pedido de dissolução, ninguém. Esse pedido já nasceu com uma fraude, feito por um cupincha do senador Fernando Bezerra Coelho”, criticou.

Segundo Raul, a divisão do PMDB de Pernambuco será decidida por um relator, o deputado federal Baleia Rossi (SP), um dos parlamentares mais próximos do presidente Michel Temer, porém não há prazo definido. “Como fica FBC? Não sei. Ou ele vai para o palanque de Paulo ou vai apoiar outra pessoa (numa aliança branca)”, declarou o vice-governador.

No Senado, FBC decidiu responder ao pronunciamento feito por Jarbas, que o acusou de entrar no PMDB de forma “desleal” e de ser um “traidor”. Jarbas lembrou, por exemplo, que FBC foi do PSD (antiga Arena), apoiou Miguel Arraes, apoiou seu governo e depois o de Eduardo Campos, além de ter sido ministro de Dilma e agora ter um filho como ministro de Temer.

História
Entre os argumentos, FBC defendeu o governo de Temer e relembrou sua própria trajetória política, mencionando que já foi filiado ao PMDB por 11 anos, época em que Ulysses Guimarães chegou a prestigiar sua campanha em Petrolina. A menção ao nome de Ulysses foi uma forma de dizer que Jarbas e Raul não foram os únicos que conviveram com Ulysses, um dos peemedebistas mais respeitados da História. “Ninguém, por mais meritórias que sejam as trajetórias, podem se considerar donos de partidos”, disse o senador.

FBC afirmou não ser obrigado a permanecer numa aliança quando não acreditava mais nela. O parlamentar lembrou sua relação com o ex-governador Miguel Arraes e com Eduardo Campos, mas criticou o governo de Paulo Câmara e Jarbas, que admitiu, num entrevista, aceitar que o PT “chegasse” à aliança de Paulo. “Fácil falar de barganhas políticas a nível federal. Mas não reconhecer as mesmas barganhas a nível estadual é uma tremenda incoerência ou cinismo. Será que são as secretarias e órgãos estaduais que explicam a flexibilidade do deputado Jarbas Vasconcelos em aceitar alianças políticas que até as eleições passadas condenava?”, indagou FBC.