Crise produz efeitos que rebatem na população

Rosália Rangel
rosalia.rangel@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 12/10/2017 03:00

A turbulência que atingiu São Lourenço da Mata, a partir das denúncias contra o prefeito afastado Bruno Pereira (PTB), ameaça agora os serviços essenciais oferecidos à população. Com a saída do petebista, a cidade passou a viver um clima de tensão por conta de um suposto “boicote político” que estaria ocorrendo em órgãos públicos, principalmente em secretarias importantes, a exemplo da Educação e Saúde. Inicialmente, o assunto foi tratado como boato. Mas em entrevista ao Diario, a secretária de Educação, Silvana Alves de Oliveira, confirmou o cenário de perseguição as pessoas contratadas durante a gestão de Bruno Pereira.

De acordo com a secretária, no dia seguinte ao afastamento do prefeito, em 26 de setembro, alguns diretores de escolas, por serem cargos de confiança, decidiram entregá-los, mas outros, incluindo professores e dirigentes de creches, a procuraram para dizer que iam deixar as funções porque estavam sendo pressionados. “As pessoas estão assustadas e com medo porque estão sendo chamadas de traidoras. Os grupos ligados ao ex-prefeito estão passando nas escolas e dizendo que quem estiver contribuindo com a atual gestão vai para o olho da rua quando Bruno retornar à prefeitura”, contou Silvana.

Por conta da saída dos professores, que têm contratos temporários, ela disse está enfrentando uma “situação complicada” e tendo que substituir, no fim do ano letivo, professores e diretores das escolas. “Estou recorrendo ao banco de currículo e buscando o perfil (com formação pedagógica) para a função”. A rede municipal atende 13.275 alunos (da educação infantil ao nono ano) em 43 escolas e duas creches.

A secretária contou ainda que, em um levantamento preliminar feito na Secretaria, foi identificado a existência de cinco contratos fantasmas, informações que serão encaminhadas ao Ministério Público. Em relação ao pagamento dos temporários, ela garantiu que os salários serão pagos até amanhã. Bruno Pereira e os secretários de Saúde, Breno Nogueira, e de Finanças, Jucineide Pereira, foram afastados dos respectivos cargos por determinação do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) durante a Operação Tupinambá, que cumpriu 14 mandatos de busca e apreensão em São Lourenço da Mata, Recife, Camaragibe, Caruaru e Bezerros.

Em São Lourenço da Mata dois grupos políticos disputam o poder. Bruno Pereira é filho do ex-deputado estadual Jairo Pereira, que já administrou o município por dois mandatos (2001-2005/2005-2008) e também teve o nome envolvido em denúncias por conta de irregularidades em licitações e contratos feitos em suas gestões.

Na eleição de 2016, Bruno derrotou o então vice-prefeito da cidade Gino Albanez (PSB), candidato do ex-prefeito Ettore Labanca (PSB). Labanca exerceu quatro mandatos de prefeito na cidade, o primeiro em 1988. Atualmente, preside a Agência Reguladora de Pernambuco (Arpe). Já o grupo dos Pereira é ligado ao senador Armando Monteiro Neto (PTB), que esteve, inclusive, na coletiva de imprensa convocada por Bruno para se defender das acusações contra sua administração.