Fala 'por ordem de alguém', diz Janot

Publicação: 21/11/2017 03:00

O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot rebateu as declarações do novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, de que foi açodada a investigação sobre a mala com R$ 500 mil entregue pela JBS a um ex-assessor do presidente Michel Temer.

Para Janot, a fala de Segovia mostra desconhecimento da legislação e do trabalho feito pela própria Polícia Federal nesse caso. O ex-procurador questionou o motivo das declarações. “A pergunta que não quer calar é: ele se inteirou disso ou ele está falando por ordem de alguém?” “O doutor Segovia precisa estudar um pouquinho direito processual penal. Nós tínhamos réus presos. Em havendo réu - se ele não sabe disso é preciso dar uma estudadinha -, o inquérito tem que ser encerrado num prazo curto, e a denúncia, oferecida, se não o réu será solto. Então, nós tínhamos esse limitador”, disse Janot.

“Não era um preso qualquer, era um deputado federal (Rocha Loures) que andou com uma mala de R$ 500 mil em São Paulo, depois consigna a mala [devolve à polícia]. Faltava 7% do dinheiro, ele faz um depósito bancário para complementar o que faltava e o doutor Segovia vem dizer que isso aí é muito pouco? Para ele, então, a corrupção tem que ser muita, para ele R$ 500 mil é muito pouco. É estarrecedor.”

Segovia disse, pela manhã, que os prazos do inquérito foram ditados pela PGR, e responsabilizou o órgão pela investigação que, para ele, foi insuficiente. “Todos os atos de investigação foram feitos a pedido nosso (da PGR) com autorização do Supremo e realizados por colegas de trabalho dele. Ele está negando esse trabalho de excelência da PF em matéria de investigação”, rebateu Janot. (Folhapress)