Barbosa: ser ou não ser candidato Após o primeiro encontro com a cúpula do PSB, o ex-ministro do STF disse que ainda não se convenceu em concorrer à Presidência da República

Publicação: 20/04/2018 09:00

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa deixou ontem a primeira reunião com o comando nacional do PSB colocando em dúvida a possibilidade de disputar a sucessão presidencial. Após encontro de duas horas, ele afirmou que ainda não se convenceu se realmente quer ser candidato e que sua família é contrária ao seu lançamento ao Palácio do Planalto.

Em entrevista à imprensa, ele citou dificuldades para assumir a função, como resistências em alianças regionais, problemas pessoais e o seu incômodo com o assédio da imprensa. “Há dificuldade dos dois lados. O partido tem a sua história e as suas dificuldades regionais. E, do meu lado, eu tenho as minhas dificuldades de ordem pessoal. Não consegui ainda convencer a mim mesmo de que devo ser candidato”, disse. Ele ressaltou ainda que é um homem de vida discreta e quieta. “Faz quase quatro anos que eu saí da Suprema Corte. Vocês ouviram falar de mim?”, questionou.

O discurso de Barbosa gerou dúvidas junto ao comando nacional da sigla, que tinha segurança de que ele se filiou à sigla com o propósito único de se lançar candidato presidencial. Na reunião, ele afirmou que a decisão deve ser muito bem pensada porque é o responsável financeiramente por uma família de oito pessoas. Barbosa atua hoje como advogado. “O cronograma é muito elástico e há muito tempo ainda. O partido pode inclusive optar por escolher um outro nome”, afirmou.

Hoje, o nome de Barbosa enfrenta resistência junto a dirigentes do partido do Nordeste e do Sudeste. Em São Paulo, o governador Márcio França defende abertamente o apoio a Geraldo Alckmin, do PSDB. “No meu ponto de vista, a opção do Alckmin é a mais madura que existe para o Brasil”, afirmou. Ressalvou, porém, que a candidatura de Barbosa ainda não é certa.

No Nordeste, candidatos a governo preferem que o PSB faça uma aliança com o PT, que tem maior força eleitoral na região.

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, reconheceu que há dificuldades em alianças regionais, mas que isso pode ser superado. Ele lembrou que em 2002, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho sofreu mais resistência que Barbosa ao se filiar ao PSB. E, mesmo assim, acabou tendo o apoio da legenda para a sucessão presidencial.

Ele descartou a possibilidade de Barbosa ser candidato a vice na chapa de Ciro Gomes ou de Marina Silva. “Nós não convidamos o Joaquim Barbosa ao PSB para ser vice de ninguém e não queremos indicar ele para vice de chapa nenhuma. Quem tem essa esperança pode esquecer”, disse.

Siqueira afirmou que a indisposição com a política tradicional deve marcar o pleito de 2018 e que isso beneficiaria uma candidatura de Barbosa. (Folhapress)