Turma de Temer assume o poder nos anos 1990

Publicação: 30/03/2019 03:00

Com a morte de Ulysses Guimarães, em 1992, o paulista Orestes Quércia passou a ser a principal liderança do PMDB. Chegou a lançar seu nome nas eleições de 1994, vencidas pelo tucano Fernando Henrique Cardoso. Foi a última eleição presidencial disputada pelo partido até 2018, com Henrique Meirelles. Em 1995, Temer já havia sido escolhido líder do partido na Câmara dos Deputados e acabou eleito presidente da Câmara duas vezes. Os governistas liderados por Temer ganharam espaço na legenda e passaram a fazer parte da coligação de sustentação no segundo governo tucano de FHC, Lula e Dilma Rousseff, até o racha na base que resultou no impeachment da presidente, em 2016.

Em 2001, Temer foi eleito presidente nacional do partido. Geddel Vieira Lima, Henrique Eduardo Alves, Eduardo Cunha, Romero Jucá, Eliseu Padilha e Moreira Franco passaram a integrar a ala que comandaria a legenda até hoje. Foi quando a cúpula do partido se concentrou na estratégia de fazer a maior bancada possível dentro no Congresso. Foi eleito presidente da Câmara em 2009. No ano seguinte e em 2014, foi vice na chapa de Dilma.

“O MDB foi o partido mais importante até 2018. Liderou o partido para fora da ditadura e fez parte de todas as coligações importantes e quando não foi parte do governo, derrubou o governo”, diz Sérgio Praça, cientista político da Fundação Getulio Vargas (FGV), se referindo à aliança de Cunha com Temer para articular o impeachment de Dilma.

RENOVAÇÃO
As últimas prisões reforçam o sinal de alerta que tinha sido aceso em outubro de 2018, com o resultado das eleições. A estratégia para não perder influência após os baques é escantear os caciques e dar espaço para os “novos” nomes da legenda, que brigam por protagonismo. Nas eleições de 2018, outros caciques foram descartados pelas urnas, como o presidente nacional, Romero Jucá (RR), e o ex-senador Eunício Oliveira (CE), que presidia o Senado até 2018. O MDB foi o que mais perdeu cadeiras na Câmara: caiu de 66 eleitos para 34.

Jucá tem consciência do cenário e já adiantou que não tentará se reeleger presidente do partido. O espaço fica aberto para novos nomes, que já começam a despontar. “Há um espaço de transição do poder no Centrão. O MDB já não é o mesmo, caiu muito em número de representantes. Claro que a influência não acaba por isso, mas, com a queda de caciques, cria-se um vácuo para ser preenchido por novas lideranças”, explica o cientista político César Alexandre de Carvalho, da CAC consultoria.

Um dos voluntários para ocupar esse espaço é o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que chegou a defender a expulsão de correligionários presos. A sugestão foi feita um dia antes da prisão de Temer e desagradou boa parte da velha guarda do partido.