Indicadores que definem uma eleição Pesquisas mostram intenções de voto, candidatos mais rejeitados, balizam e redirecionam estratégias e até forçam alianças de campanha

Mareu Araújoc

Publicação: 09/09/2024 03:00

Em época de eleição, a cada semana há a expectativa sobre quem tem mais chances de vencer e ocupar o mais alto na disputa. As pesquisas eleitorais vêm como uma pista de quem pode ser o escolhido. E com elas, a pergunta: quando sairá a próxima pesquisa?

São esses números que vão nortear as campanhas, mostrar as tendências aos eleitores e até mudar os rumos do pleito. Na verdade, pesquisa eleitoral é uma questão de ciência. Existe todo um protocolo com regras rígidas, não basta ir para a rua e perguntar qualquer coisa para as pessoas.

Além de mostrar as intenções de voto durante o período de eleições, a pesquisa eleitoral também tem como função indicar erros e acertos de candidatos nas campanhas, redirecionar estratégias e até forçar alianças. Faltando pouco menos de um mês para as eleições de 2024, o Diario de Pernambuco explica como funciona uma pesquisa eleitoral e conta “causos” de pesquisas em pleitos antigos.

Pesquisa Eleitoral
Segundo o cientista político Hely Ferreira, existem dois tipos de pesquisa eleitoral: a qualitativa e a quantitativa. A primeira é a realizada pelos candidatos. “A pesquisa qualitativa dá um norte ao candidato do que deve apresentar, as propostas, como fazer o guia eleitoral, porque ela mostra o que o eleitor quer ouvir. Então, muitas vezes o candidato começa a fazer promessas que vão de encontro ao que ele acredita, ao que o partido defende, mas ele diz isso no intuito de atingir o eleitorado, já que a pesquisa mostra o que o eleitor tem mais interesse”, pontua.

“Por exemplo, o guia eleitoral vai hoje ao ar, no outro dia o instituto de pesquisa, que trabalha para o candidato, vai ouvir o que foi que o eleitor gostou e o que não gostou. E o próximo guia será montado a partir dessa pesquisa qualitativa”, completa o cientista político. Já a quantitativa é a mais conhecida. Essa é a pesquisa que se aguarda com expectativa por ser um termômetro tanto para os eleitores quanto para candidatos de quem está à frente na disputa. É com esta pesquisa que se sente como estão as intenções de voto nas regiões e “faz com que o candidato que está fraco possa tentar se esforçar para crescer mais, e quem está na frente, administrar o que já tem”, explica Hely Ferreira.

“A pesquisa é um cenário provável dentro de uma radiografia do momento. Nas entrevistas, entre as perguntas estão: ‘se a eleição fosse hoje, em quem você votaria?’ E outra é: ‘se a eleição fosse hoje, em quem você não votaria?’”, pontua. Ferreira explica, também, que essas perguntas são feitas porque “a sociedade é dinâmica”, e em um momento o eleitor pode escolher votar em um determinado candidato e no dia seguinte, não, por conta de fatos que acontecem no dia a dia.

Isso pode ser visto em eleições em que a pesquisa eleitoral apontou um candidato à frente nas pesquisas, e no dia da eleição, com a abertura das urnas, o resultado foi discrepante do estimado, justamente por conta de fatores externos.  “Em 1986, Roberto Magalhães era candidato ao Senado, tinham duas vagas. A pesquisa mostrava que Roberto era o senador mais votado do Brasil. A chegada de Arraes para candidatura do governo do Estado dizendo que ‘faça como eu e vote nos dois’, tirou a eleição de Roberto”, relembra.

Um outro caso, também citado pelo cientista político, aconteceu em 1982, quando Clodoaldo Torres foi o deputado estadual mais votado de Pernambuco. “O que aconteceu? Ele levou quatro tiros em um comício, isso mudou o cenário”, relembra, sobre a vitória de Torres.