Qual o futuro do PT após as eleições deste ano?
Após desempenho "morno" nos pleitos municipais e possível mudança na gestão da legenda, Partido dos Trabalhadores pode "virar a chave" para a disputa de 2026
Guilherme Anjos
Publicação: 11/11/2024 03:00
Insatisfação com o desempenho morno nas eleições municipais; expectativas com os frutos que podem, ou não, colher das alianças firmadas; e atritos derivados da briga pela sucessão da presidência da sigla. Tal clima entre as lideranças nacionais e estaduais do PT, passado o pleito de 2024, pode ser a faísca inicial para uma mudança de chave dos petistas para 2026.
A legenda performou abaixo do ideal nas urnas este ano. Em números absolutos, o PT faturou 252 prefeituras, um crescimento se comparado a 2020. Mas o dado é uma melhora superficial que esconde um cenário delicado. Ao todo, venceram em somente uma capital - Fortaleza, no Ceará - e apenas em seis cidades com mais de 200 mil habitantes no país.
O resultado chegou a ser criticado publicamente pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), que apontou a necessidade da legenda se reavaliar para sair do ‘Z4’, como são chamados os últimos colocados nos campeonatos de futebol. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PT), criticou o posicionamento, afirmando que o ministro deveria “focar nas articulações”.
O cientista político Hely Ferreira analisa que a cisão entre diferentes alas do partido não é novidade para os bastidores do PT, e se tornou parte natural da configuração estratégica da legenda. “O PT sempre foi um partido de muita divisão, e as tendências muitas vezes atrapalham o melhor desempenho da legenda. O PT teve brigas internas constantes, e às vezes é tão forte que elas sacrificam o sucesso eleitoral nas urnas em nome da predominância de determinada tendência”, afirmou.
A efetividade desse pragmatismo em Pernambuco é incerta, mas é consenso entre lideranças petistas estaduais que o momento é de observar com cautela se as alianças firmadas durante a corrida eleitoral valerão a pena ser mantidas.
Tal ‘mudança de chave’ poderia ser representada no Estado com a debandada petista para a base da governadora Raquel Lyra (PSDB), que há meses busca aproximação com o Governo Lula. E os flertes entre a tucana e os parlamentares e ministros do PT vêm ficando cada vez mais frequentes.
AVALIAÇÕES INTERNAS
Para o deputado estadual João Paulo (PT), o catalisador de uma mudança seria justamente a contemplação do PT na composição do secretariado do segundo mandato de João Campos, mas a independência também é uma opção. Apesar disso, João Paulo prioriza o aumento da representatividade em Brasília.
O senador Humberto Costa (PT), por sua vez, enxerga pós-eleição para além dos números de municípios conquistados, e mantém confiança na atual direção do partido. Segundo ele, apesar de ter vencido somente seis prefeituras e perdido em colégios eleitorais estratégicos, como Olinda e Jaboatão dos Guararapes, o PT garantiu palanques importantes para o projeto nacional de Lula em 2026 através das siglas aliadas.
Já o dirigente estadual Doriel Barros espera que as alianças dêem frutos, pois o partido deseja compor uma gestão para apresentar seus projetos para o Estado, mas a prerrogativa é dos gestores, restando aos petistas terem paciência ao mover suas peças.
A legenda performou abaixo do ideal nas urnas este ano. Em números absolutos, o PT faturou 252 prefeituras, um crescimento se comparado a 2020. Mas o dado é uma melhora superficial que esconde um cenário delicado. Ao todo, venceram em somente uma capital - Fortaleza, no Ceará - e apenas em seis cidades com mais de 200 mil habitantes no país.
O resultado chegou a ser criticado publicamente pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), que apontou a necessidade da legenda se reavaliar para sair do ‘Z4’, como são chamados os últimos colocados nos campeonatos de futebol. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PT), criticou o posicionamento, afirmando que o ministro deveria “focar nas articulações”.
O cientista político Hely Ferreira analisa que a cisão entre diferentes alas do partido não é novidade para os bastidores do PT, e se tornou parte natural da configuração estratégica da legenda. “O PT sempre foi um partido de muita divisão, e as tendências muitas vezes atrapalham o melhor desempenho da legenda. O PT teve brigas internas constantes, e às vezes é tão forte que elas sacrificam o sucesso eleitoral nas urnas em nome da predominância de determinada tendência”, afirmou.
A efetividade desse pragmatismo em Pernambuco é incerta, mas é consenso entre lideranças petistas estaduais que o momento é de observar com cautela se as alianças firmadas durante a corrida eleitoral valerão a pena ser mantidas.
Tal ‘mudança de chave’ poderia ser representada no Estado com a debandada petista para a base da governadora Raquel Lyra (PSDB), que há meses busca aproximação com o Governo Lula. E os flertes entre a tucana e os parlamentares e ministros do PT vêm ficando cada vez mais frequentes.
AVALIAÇÕES INTERNAS
Para o deputado estadual João Paulo (PT), o catalisador de uma mudança seria justamente a contemplação do PT na composição do secretariado do segundo mandato de João Campos, mas a independência também é uma opção. Apesar disso, João Paulo prioriza o aumento da representatividade em Brasília.
O senador Humberto Costa (PT), por sua vez, enxerga pós-eleição para além dos números de municípios conquistados, e mantém confiança na atual direção do partido. Segundo ele, apesar de ter vencido somente seis prefeituras e perdido em colégios eleitorais estratégicos, como Olinda e Jaboatão dos Guararapes, o PT garantiu palanques importantes para o projeto nacional de Lula em 2026 através das siglas aliadas.
Já o dirigente estadual Doriel Barros espera que as alianças dêem frutos, pois o partido deseja compor uma gestão para apresentar seus projetos para o Estado, mas a prerrogativa é dos gestores, restando aos petistas terem paciência ao mover suas peças.