Filiação evita clima de antecipação das eleições Governadora assumiu tom político e soltou indiretas para João Campos, mas se esquivou de intrigas partidárias, como a intervenção no PSDB estadual

Guilherme Anjos

Publicação: 08/04/2025 03:00

A filiação em massa de ex-tucanos ao PSD na noite de ontem assumiu um tom político, em especial em torno da exaltação da governadora Raquel Lyra (PSD) e em repúdio à intervenção da Executiva Nacional do PSDB no diretório estadual, que levou 32 prefeitos a abandonarem o ninho tucano. O ato, no entanto, não mobilizou grande militância, e evitou o clima de convenção partidária visto na filiação de Raquel, no início de março.

O evento aconteceu em um pequeno auditório do Novotel Recife Marina, localizado no Cais de Santa Rita, na capital pernambucana. Sem palanque, a governadora se cercou de quadros do PSD e de deputados estaduais de diversas legendas, representando o pluripartidarismo da bancada governista e disfarçando a falta de representatividade do PSD no Legislativo.

Em discurso, Raquel evitou antecipar o debate sobre as eleições, mas não deixou de politizar a pauta municipalista e soltou indiretas para o possível adversário de 2026, João Campos (PSB) – apesar de nunca citá-lo diretamente. “Eu não estou aqui para tratar da eleição de 2026. Estamos aqui porque temos muito o que fazer até lá. Nunca fizemos gestão cuidando de eleição. Aprendi em casa que o processo de reeleição é resultado de um trabalho e da entrega para mudança da vida do nosso povo. Se a gente se preocupa somente com a eleição, a mudança não acontece. Para fazer mudança, precisamos tomar decisões difíceis”, disparou a governadora.

“Nós não estamos aqui para esquentar cadeira, para quem quiser achar que mulher quando assume o governo é somente para esperar o próximo homem que vai assumir, com todo o respeito a eles. Fazemos política somando, não é com raiva”, complementou.

Nas últimas semanas, João Campos participou de congressos do PSB que se tornaram atos de exaltação ao seu nome como candidato ao governo do estado.

Entre os recém-filiados, o clima era também de indignação com o PSDB. Houve quem falasse de “violência política” do atual presidente estadual tucano, deputado Álvaro Porto. Raquel, no entanto, se negou a abordar o tema diretamente. “O que a gente precisa é olhar para frente”, disse em discurso. À imprensa, a governadora afirmou que “pelo partido que ele ocupa, deve falar ele mesmo”, e não respondeu perguntas sobre o tema.