Projeto identifica dois desaparecidos políticos Restos mortais de Grenaldo de Jesus da Silva e Denis Casemiro, vítimas da Ditadura Militar, estavam enterrados na Vala Clandestina de Perus, em São Paulo

Publicação: 17/04/2025 03:00

Local foi descoberto em 1990 no Cemitério Dom Bosco (ITAMAR MIRANDA/ESTADÃO CONTEÚDO)
Local foi descoberto em 1990 no Cemitério Dom Bosco
A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) anunciou ontem a identificação de dois desaparecidos políticos, vítimas da ditadura militar, cujos restos mortais estavam enterrados na Vala Clandestina de Perus. Os remanescentes ósseos são de Grenaldo de Jesus da Silva e Denis Casemiro.

A vala foi descoberta em 1990 no Cemitério Dom Bosco, na zona norte de São Paulo, com 1.049 ossadas não identificadas. As identificações são resultado do trabalho do Grupo de Trabalho Perus (GTP) e o projeto é fruto de uma parceria entre o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, a Prefeitura de São Paulo e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Grenaldo, nascido em São Luís (MA), era militar da Marinha e foi preso em 1964 após reivindicar melhores condições de trabalho. Expulso da corporação, chegou a fugir da prisão e passou a viver na clandestinidade. Foi morto em 30 de maio de 1972, durante uma tentativa de sequestro de uma aeronave no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

Na ocasião, Grenaldo já havia tomado um avião quando a pista foi cercada por militares da Aeronáutica, que impediram a decolagem. Uma equipe do Destacamento de Operações de Informações (DOI) do 2.º Exército chegou ao local, liderada pelo então capitão Ênio Pimentel da Silveira, o Doutor Ney, chefe da Seção de Investigações do DOI.

Já Denis Casemiro nasceu em Votuporanga (SP). Trabalhou como pedreiro e lavrador antes de integrar a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organização da luta armada contra a ditadura. Segundo registro do Memorial da Resistência de São Paulo, foi preso em abril de 1971, torturado e executado por agentes do Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (DOPS/SP), sob o comando do delegado Sérgio Fleury. Na época, autoridades forjaram versões que atribuíam a morte de Denis a uma tentativa de fuga. (Estadão Conteúdo)