Braga Netto e Mauro Cid mantêm contradições
General e ex-ajudante de ordens mantêm versões divergentes sobre o teor da reunião do dia 12 de novembro e sobre o repasse de dinheiro para financiar atos
Da Redação
Publicação: 25/06/2025 03:00
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Cid e Braga Netto ficaram frente a frente durante acareação conduzido por Moraes |
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), conduziu nesta terça-feira (24) duas audiências de acareação na Ação Penal (AP) 2668, que apura a suposta tentativa de golpe de Estado. A primeira envolveu os réus tenente-coronel Mauro Cid, colaborador no processo, e general Walter Braga Netto. O segundo procedimento foi entre Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e réu, e o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, testemunha na ação.
A primeira acareação durou cerca de uma hora, e meia e a segunda, pouco mais de uma hora. Ambas foram acompanhadas também pelo ministro Luiz Fux e pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.
De acordo com a ata da acareação entre Mauro Cid e Braga Netto, disponibilizada pelo STF, os réus mantiveram as versões apresentadas em seus respectivos depoimentos, mantendo as contradições em relação ao teor da reunião realizada no dia 12 de novembro, na casa do general Braga Netto, com a participação dos generais Oliveira e Ferreira Lima, e sobre a susposta entrega de R$ 100 mil numa sacola de vinho que seriam utilizados para financiar a operação do golpe.
Em relação à reunião do 12 de dezembro, Mauro Cid manteve a informação de que teriam sido discutidas ações que gerassem caos social e permitissem a adoção de medidas excepcionais, como estado de defesa ou estado de sítio, visando impedir a posse do presidente eleito Lula. Ele também mencionou que saiu antes do término da reunião.
Já o general Braga Netto, também mantendo o teor de seus depoimentos, negou que a reunião tivesse esse objetivo, alegando que foi apenas um encontro casual para cumprimentos. Ele também afirmou que os participantes chegaram e saíram juntos do encontro, além de negar conhecer os coronéis pessoalmente, afirmando que sua relação com eles, caso existisse, seria apenas funcional e limitada ao período da intervenção no Rio de Janeiro.
Outro ponto de divergência abordado foi sobre a entrega de uma sacola de dinheiro com aproximadamente R$ 100 mil que seriam utilizados para financiar as ações discutidas, informação constante no depoimento de Mauro Cid, que afirma ter sido procurado pelo coronel Oliveira, dois dias após a reunião, que fez o pedido de dinheiro, depois repassado ao general.
Braga Netto negou, mais uma vez, a informação de ter repassado a quantia solicitada e que teria orientado Cid a encaminhar a demanda ao tesoureiro do PL, coronel Azevedo, que teria informado a impossibilidade de atender o pedido. Ele fala também que não tratou mais do assunto após essa orientação, que choca com a versão apresentaada por Mauro Cid de que ele teria se comprometido a levantar os recursos por outros meios” e que posteriormente teria repassado o dinheiro.
De acordo com advogado José Luis Oliveira Lima, que defende Braga Netto, durante a acareação o general chamou o tenente-coronel Mauro Cid de mentiroso por duas ocasiões e o ex-ajudante de ordens teria ficado calado, não retrucando quando teve a oportunidade. (Com informações do STF e Agência Brasil)