Trump anuncia taxa de 50% para o Brasil
Presidente dos EUA justificou nova tarifa, que vale a partir de 1º de agosto, pela "forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro"
Publicação: 10/07/2025 03:00
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Americano afirmou que governo Lula promove "ataque insidioso" às eleições livres |
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou ontem uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos norte-americanos. O anúncio foi feito por meio de uma carta endereçada ao presidente Lula (PT) e reforça que o governo dos EUA reprova a condução do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Eu conheci e tratei com o ex-Presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes mundiais. A forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, incluindo pelos EUA, é uma desgraça internacional. Este Julgamento não deve ocorrer. É uma caça às bruxas que deve terminar imediatamente!”, escreveu o republicano no texto publicado primeiro em sua rede social, a Truth Social.
Trump ainda argumentou que o governo brasileiro promove “ataques insidiosos” às eleições livres e à liberdade de expressão dos americanos, lembrando de ações do STF – que decidiu para que redes sociais norte-americanas excluíssem determinados conteúdos e penalizassem essas plataformas. De acordo com a carta, as tarifas começam a valer a partir do próximo dia 1º de agosto e incide “sobre quaisquer e todos os produtos brasileiros enviados para os Estados Unidos”, à exceção de outras tarifas setoriais já aplicadas, como a sobre aço e alumínio, que também tem alíquota de 50%.
O anúncio das alíquotas de 50% é considerado mais um capítulo de uma escalada de tensões entre os EUA e o Brasil, que ultrapassam as questões comerciais. Na semana passada, em encontro dos Brics, Lula sinalizou apoio ainda maior à Rússia e à China, que estão entre os principais rivais dos norte-americanos no campo geopolítico. Além disso, a primeira-dama Janja Lula da Silva, chamou o governo dos EUA de “vira-latas” ontem, após ser questionada sobre as tarifas de Trump.
DEVOLUÇÃO
Na noite de ontem, o encarregado de negócios Gabriel Escobar, chefe da embaixada dos EUA em Brasília, foi convocado pela segunda vez no dia a comparecer ao Itamaraty. Ele é a principal autoridade do governo americano no País desde janeiro. A embaixadora Maria Luisa Escorel, secretária de Europa e América do Norte, comunicou a Escobar que o presidente não receberia a carta. Escorel afirmou que a carta era “ofensiva” e apontou que havia “afirmações inverídicas” sobre o País e “erros factuais” a respeito da relação comercial bilateral. Trump citou um déficit na balança, quando na verdade os EUA têm superávit com o Brasil. (Correio Braziliense e Estadão Conteúdo)