Assinaturas negociadas Dueire diz que houve reuniões onde senadores avisaram que ministros precisavam "se conter"

Publicação: 09/08/2025 03:00

 (JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO)

O senador Fernando Dueire (MDB) revelou que as 41 assinaturas obtidas no Senado para pedir o impeachment de Alexandre de Moraes passaram por um acordo com a participação do próprio Supremo Tribunal Federal.Em entrevista ao Blog Dantas Barreto e à TV Nova, o emedebista condenou a atitude dos parlamentares bolsonaristas, que sabiam que o pleito deles não teria prosseguimento. Dueire disse que a invasão da Mesa Diretora para impedir o início dos trabalhos, na última segunda, foi uma “cena grotesca.
 
Entrevista - Fernando Dueire // Senador
 
ALAS POLÍTICAS
No Senado, há um grupo de senadores mais progressistas, os de direita e os bolsonaristas. O que ocorreu foi mais uma ação dos bolsonaristas. Foi uma reação ao que houve com relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Os senadores mais de direita e de centro buscaram uma reunião de diálogo e entendimento junto aos líderes. Na verdade, os senadores bolsonaristas queriam uma coisa que não tinha efeito prático, que era chegar às 41 assinaturas. Na reunião, chegou-se a um entendimento: ‘Vocês querem as 41 assinaturas? Então, vamos ajudar e vocês se retiram (da Mesa Diretora)”. Entendimento é isse. Foi um tiro com pólvora seca porque aquilo não ia permitir nenhum avanço do ponto de vista criar uma crise institucional, a ponto de tirar um ministro do Supremo.

NEGOCIAÇÃO
O Supremo entrou nessa negociação, foi chamado para a conversa. Parte desse tensionamento tem a ver com eles (ministros do STF). Existe uma coisa maior: é o país. As 41 assinaturas foram para eles (senadores bolsonaristas) passarem uma mensagem. Foi uma vitória do símbolo que eles queriam apresentar, mas sem efeito (prático). O Supremo conversou nesse entendimento, houve reuniões reservadas. Foi dito ao Supremo: ‘A gente não está levando isso à frente, mas vocês precisam se conter porque não dá para ser desse jeito que vocês estão fazendo’.

ASSINATURAS
Não precisava de 41 ou 50 assinaturas. Como disse Davi Alcolumbre, o Regimento remete a prerrogativa do presidente do Senado abrir ou não o processo de impedimento. Ele deixou muito claro que não abriria. A tendência é restabelecer a normalidade no Senado.

RADICALIZAÇÃO
A sociedade brasileira tem acompanhado isso, de radicalização muito grande. Os extremos estão se enfrentando; e da forma como estão se enfrentando, a sociedade perde. Foi uma cena terrível, os trabalhos não puderam ser iniciados. Nós estamos com um conjunto de projetos atrasados e a sociedade brasileira tem pressa na solução de alguns assuntos. Aí a gente chega lá para encontrar uma cena grotesca de invasão do plenário, da Mesa, obstruindo os trabalhos e não obedecendo o Regimento. Na primeira semana, após o recesso, a gente dá esse contraexemplo de como os parlamentares devem se conduzir dentro do debate eleitoral, dos seus credos, entendimentos e das suas visões de mundo. Foi muito ruim.