Dando as cartas em Pernambuco Seguindo uma tendência mundial e consolidada no Brasil, o pôquer se populariza no estado, inclusive profissionalmente, com clubes na capital e no interior

Brenno Costa
brenno.costa@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 21/01/2017 03:00

No trânsito intenso da Avenida Domingos Ferreira, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, carros escolhem o estacionamento do número 2363 como o endereço. Em seguida, a entrada de uma boate fica para trás. É quando degraus levam o visitante a uma sala ampla com palco e bar nas extremidades e várias mesas de pôquer ao centro. É o Villa Hold’em. Por lá, as noites são de movimento intenso. Acontecem até campeonatos. Atravesse a cidade. Chegue à Zona Norte do Recife. No não menos congestionado trânsito do bairro das Graças, na Rua do Cupim, número 53, uma sala dentro de uma barbearia, a Confraria da Barba, abriga outra mesa de pôquer. No entorno dela, amigos se reúnem para jogar o Texas Hold’em, a modalidade de pôquer que mais se difundiu com ajuda da internet.

As cartas, literalmente, estão na mesa. Os caminhos levam ao crescimento do pôquer e o tiram da sombra da marginalidade, deixando para trás o estigma de jogo de azar. Reconhecido como esporte da mente pela Associação Internacional de Esporte da Mente (IMSA), em 2010, e tendo a Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH) ligada ao Ministério do Esporte, desde 2012, a modalidade, marcada como instigante pelos praticantes, está liberada e abraça cerca de 8 milhões de adeptos entre profissionais e amadores em território nacional, movimentando muito dinheiro.

Pernambuco
No estado, o cenário é de crescimento pleno. Seja de maneira profissional ou entre amadores. No último fim de semana, em sua segunda edição, o campeonato estadual chegou à última de cinco etapas em um evento que distribuiu um total de R$ 265 mil com 800 inscrições.

O circuito inteiro concedeu premiações em torno de R$ 500 mil, segundo o presidente da Federação Pernambucana de Texas Hold’em (FEPETH), Eloy Vasconcelos. De 8 a 12 de fevereiro, o Recife recebe abriga uma das etapas do Nordeste Poker Series, no Mar Hotel, em Boa Viagem, com premiação garantida de R$ 200 mil, e está cotado para receber uma etapa do Campeonato Brasileiro, o Brazilian Series Of Poker, pela primeira vez na história, até o próximo ano.

Segundo Vasconcelos, que largou a mineração para administrar a casa de pôquer Villa Hold’em e chegou ao comando da entidade no ano passado, há um quadro de 1.500 filiados à FEPETH. Em Pernambuco, existem sete clubes liberados para a prática, onde é preciso se associar para disputar os torneios. “Você paga por um ingresso para participar, a casa fica com 20% e o resto é distribuído em premiação. Tem alguns torneios que são de graça”, conta.

Barba, cabelo e pôquer
Há ainda outros locais em que o pôquer é jogado com um caráter menos competitivo. A Confraria da Barba, por exemplo, abriu espaço no estabelecimento para a prática do pôquer e acaba ajudando na popularização e quebra de tabus. Entre os que frequentam o espaço estão o internacionalista Cézar Martins Almeida, 27 anos, e o engenheiro Augusto Andrade, 25, praticantes da modalidade há cerca de dez anos. “É um esporte que junta muitas estratégias, estuda gestos. É um esporte que intriga muito, a emoção fica muito à flor da pele”, afirma Cézar. “Não é nem um pouco jogo de azar. Tem muita estratégia”, acrescenta Augusto.

Febre no Brasil
O país tem um campeonato nacional, chamado de Brazilian Series Of Poker. Este ano, a competição chega à sua 11ª temporada e inicia com a etapa em Punta del Leste, no Uruguai, de 2 a 7 de fevereiro. É um cenário, aliás, que os empresários da área costumam fazer, misturando o jogo com o turismo. A competição tem desde a sua estreia um aumento ano a ano de participantes, mas, em 2015, contou com 3.457 inscritos, um número recorde de participantes na América Latina para uma única etapa.

Um dos responsáveis pelo crescimento do jogo é o presidente da Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH) Igor Trafane, de 43 anos e há oito no cargo. “O pôquer é a somatória das pessoas que gostam dele, praticam e que defendem a ele. Essas pessoas são muito engajadas. Todo mundo que pratica o pôquer sofreu, principalmente no início, alguma espécie de preconceito ou desmerecimento. Era como se fosse uma coisa menos nobre. As pessoas se uniram e brigaram frontalmente. Ações da confederação brasileira são importantes e reconhecidas e eu fico feliz com isso. Mas, se a gente não tivesse praticantes engajados, isso seria efêmero”, afirma o também empresário do ramo e antigo praticante.

Não é jogo de azar
Juridicamente, o pôquer ganhou decisões nos tribunais em vários estados e teve sua prática liberada desde 2012 no Brasil. Os praticantes classificam a atividade como um jogo de habilidade e da mente, onde a sorte tem peso menor nos resultados. O fator aleatório (a distribuição das cartas) é visto como apenas uma variante e não determina o vencedor. Para comprovar essa visão, adotam estudos estatísticos. No Brasil, já existem 22 federações, vários clubes autorizados e um mercado ativo em dinheiro

Entre os homens
As mulheres começam a quebrar barreiras no pôquer. Considerado um esporte praticado predominantemente por homens, pode ter essa imagem revertida. Gabriela Roal, de 23 anos, conheceu a modalidade há pouco mais de um ano, quando passou a trabalhar como crupiê, profissional que dirige a mesa durante os jogos de pôquer. “Daí surgiu a oportunidade de poder jogar. São poucas mulheres do Recife que praticam. Além de dar carta, comecei a estudar o jogo”, conta a especialista, que se tornou campeã pernambucana no último fim de semana.

O pôquer

  • 8 milhões de jogadores no Brasil entre profissionais e amadores
  • 1.500 é o número médio de filiados à Federação Pernambucana
  • 3.457 inscritos em uma etapa do Brasileiro de 2015 é o recorde da América Latina
  • R$ 400  a R$ 2.600 valor para participar de cada etapa do Brasileiro
  • R$ 7,5 milhões* é o valor médio pago em premiações por temporada desde 2010
  • R$ 265 mil foi o valor total pago de premiações na última etapa do Pernambucano de 2016
Média de jogadores por etapa no Campeonato Brasileiro
Ano    Média

2006    53,4
2007    83,6
2008    102
2009    314,3
2010    630,9
2011    649
2012    612,1
2013    854,6
2014    1.088,6
2015    1.315,4
2016    1.450,1

* A assessoria da CBTH não soube precisar o montante que todos os campeonatos do país com federações ligadas à entidade movimentam em premiação

Onde jogar?
  • Confraria da Barba (Rua do Cupim, 53, Graças)
Clubes de pôquer no Recife*
  • Borba Poker (Rua Padre Miguelino, 64, Torreão)
  • R10 Poker CLub (Antônio de Goes, 62, Pina)
  • Villa Hold’em (Avenida Domingos Ferreira, 2363, Boa Viagem)
Clubes de pôquer em outras cidades de Pernambuco*

Vitória de Santo Antão
  • Vitória Poker Clube (Rua Melo Verçosa, SN)
Santa Cruz do Capibaribe
  • Naipe Poker Clube (Avenida Pref. Braz de Lira, 1400, Nova S. Cruz)
Petrolina
  • Associação Petrolinense Texas Hold’em (Avenida Paraíba, 44, Areia Branca)
  • Alpha Poker Clube (Rua Aristarco Lopes, 419, Centro)
*Locais Filiados à FEPETH

Dicionário
O significado de algumas expressões

All-in
Apostar todas as fichas

Bluff
Blefar; tentar enganar o adversário fingindo ter uma melhor mão

Dealer
Quem dá as cartas no jogo de pôquer

Free Roll
Jogador que pode levar todo o pote quando ainda está empatado com outro

Fold
Desistir; não igualar ou aumentar a aposta e sair

Foul
Anular; quando o dealer declara que o jogador está com a mão anulada e não pode receber qualquer valor

Flop
Três cartas da mesa são postas em jogo

Nuts
A melhor mão possível com o tabuleiro disponível

Pré-flop
As cartas da mesa ainda não foram reveladas e cada jogador conta apenas com as suas próprias

River
Quando é exibida a última carta comunitária

Subir
Aumentar o montante da aposta

Turn
Quarta carta comunitária é virada

Tilt
Jogar de maneira imprudente

Underdog
Jogador ou mão que não é favorita a ganhar o pote

Curiosidades

Brasileiros de destaque

Thiago “Decano” Nishijima foi o último brasileiro a conquistar um torneio do Campeonato Mundial de Pôquer, o WSOP. Em 2015, ele levou uma premiação de R$ 1,863 milhão. Alexandre Gomes (2008) e André Akkari (2011) foram os outros dois jogadores do país a conseguirem o mesmo feito. Na categoria online, Yuri “theNerdguy” Martins conseguiu o melhor posto em termos de premiação ao ficar com o segundo lugar do evento principal do World Championship Of Online Poker (WCOOP) de 2014. Ele levou um montante de US$ 708.251,00.

Regras do pôquer
Há várias formas de jogar pôquer, mas a que se popularizou foi o estilo Texas Hold’em. Cada jogador recebe duas cartas, que pertencem apenas a ele. Em seguida, outras cinco cartas comunitárias são colocadas na mesa. Elas são viradas uma por vez logo após a definição da aposta. É quando o competidor tem que calcular a sua chance de vencer. A probabilidade varia a cada carta virada. Por isso, é preciso ter profundo conhecimento do jogo para decidir se blefa, iguala a aposta, aumenta ou desiste. É permitido usar qualquer combinação das sete cartas disponíveis para fazer a melhor mão de pôquer com cinco cartas. Para decidir o vencedor há uma hierarquia que define qual a melhor mão, ou seja, qual competidor conseguiu formar a melhor combinação de cartas.

As nove classificações

Entenda a hierarquia em ordem decrescente*

 

 

  • 8 milhões de jogadores no Brasil entre profissionais e amadores
  • 1.500 é o número médio de filiados à Federação Pernambucana
  • 3.457 inscritos em uma etapa do Brasileiro de 2015 é o recorde da América Latina
  • R$ 400  a R$ 2.600 valor para participar de cada etapa do Brasileiro
  • R$ 7,5 milhões* é o valor médio pago em premiações por temporada desde 2010
  • R$ 265 mil foi o valor total pago de premiações na última etapa do Pernambucano de 2016
Média de jogadores por etapa no Campeonato Brasileiro
Ano    Média

2006    53,4
2007    83,6
2008    102
2009    314,3
2010    630,9
2011    649
2012    612,1
2013    854,6
2014    1.088,6
2015    1.315,4
2016    1.450,1

* A assessoria da CBTH não soube precisar o montante que todos os campeonatos do país com federações ligadas à entidade movimentam em premiação

Onde jogar?
  • Confraria da Barba (Rua do Cupim, 53, Graças)
Clubes de pôquer no Recife*
  • Borba Poker (Rua Padre Miguelino, 64, Torreão)
  • R10 Poker CLub (Antônio de Goes, 62, Pina)
  • Villa Hold’em (Avenida Domingos Ferreira, 2363, Boa Viagem)
Clubes de pôquer em outras cidades de Pernambuco*

Vitória de Santo Antão
  • Vitória Poker Clube (Rua Melo Verçosa, SN)
Santa Cruz do Capibaribe
  • Naipe Poker Clube (Avenida Pref. Braz de Lira, 1400, Nova S. Cruz)
Petrolina
  • Associação Petrolinense Texas Hold’em (Avenida Paraíba, 44, Areia Branca)
  • Alpha Poker Clube (Rua Aristarco Lopes, 419, Centro)
*Locais Filiados à FEPETH

Dicionário
O significado de algumas expressões

All-in
Apostar todas as fichas

Bluff
Blefar; tentar enganar o adversário fingindo ter uma melhor mão

Dealer
Quem dá as cartas no jogo de pôquer

Free Roll
Jogador que pode levar todo o pote quando ainda está empatado com outro

Fold
Desistir; não igualar ou aumentar a aposta e sair

Foul
Anular; quando o dealer declara que o jogador está com a mão anulada e não pode receber qualquer valor

Flop
Três cartas da mesa são postas em jogo

Nuts
A melhor mão possível com o tabuleiro disponível

Pré-flop
As cartas da mesa ainda não foram reveladas e cada jogador conta apenas com as suas próprias

River
Quando é exibida a última carta comunitária

Subir
Aumentar o montante da aposta

Turn
Quarta carta comunitária é virada

Tilt
Jogar de maneira imprudente

Underdog
Jogador ou mão que não é favorita a ganhar o pote

Curiosidades

Brasileiros de destaque

Thiago “Decano” Nishijima foi o último brasileiro a conquistar um torneio do Campeonato Mundial de Pôquer, o WSOP. Em 2015, ele levou uma premiação de R$ 1,863 milhão. Alexandre Gomes (2008) e André Akkari (2011) foram os outros dois jogadores do país a conseguirem o mesmo feito. Na categoria online, Yuri “theNerdguy” Martins conseguiu o melhor posto em termos de premiação ao ficar com o segundo lugar do evento principal do World Championship Of Online Poker (WCOOP) de 2014. Ele levou um montante de US$ 708.251,00.

Regras do pôquer
Há várias formas de jogar pôquer, mas a que se popularizou foi o estilo Texas Hold’em. Cada jogador recebe duas cartas, que pertencem apenas a ele. Em seguida, outras cinco cartas comunitárias são colocadas na mesa. Elas são viradas uma por vez logo após a definição da aposta. É quando o competidor tem que calcular a sua chance de vencer. A probabilidade varia a cada carta virada. Por isso, é preciso ter profundo conhecimento do jogo para decidir se blefa, iguala a aposta, aumenta ou desiste. É permitido usar qualquer combinação das sete cartas disponíveis para fazer a melhor mão de pôquer com cinco cartas. Para decidir o vencedor há uma hierarquia que define qual a melhor mão, ou seja, qual competidor conseguiu formar a melhor combinação de cartas.

As nove classificações
Entenda a hierarquia em ordem decrescente*

Royal Straight Flush
Sequência de 10 a Ás com todas cartas do mesmo naipe. É a única mão imbatível no poker.

Straight Flush
Qualquer sequência de cartas iguais.

Quadra
Quatro cartas iguais que podem ser de naipes diferentes

Full House
Uma trinca e uma dupla de cartas iguais que podem ser de naipes diferentes

Flush
Quaisquer cinco cartas do mesmo naipe

Sequência ou Seguida (Straight)
Cinco cartas em sequência, de naipes diferentes

Trinca
Três cartas iguais, que podem ser de naipes diferentes

Dois Pares
Duas duplas de cartas iguais

Par
Duas cartas iguais

Desempate

Carta Mais Alta (High Card)

Quando nenhum jogador envolvido não tiver sequer um par nas mãos, vencerá quem tiver a carta mais alta.

Kicker
Em caso de dois ou mais jogadores terem mãos iguais, se ambos tiverem o mesmo par, por exemplo vencerá aquele que tem a carta mais alta nas mãos, que é chamada de “kicker”. Se a carta mais alta estiver na mesa, a rodada termina como empate.

* Fonte: Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH)

Esportistas e famosos que aderiram ao pôquer
  • Atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank
  • Ex-jogador de futebol Ronaldo Fenômeno
  • Atriz Carolina Oliveira
  • Ex-jogadora de vôlei Fofão
  • Ex-atleta Maurren Maggi
  • Ex-jogador de vôlei Rodrigão
  • Ex-nadador Fernando Scherer
  • Treinador de futebol Vanderlei Luxemburgo