Marin: uma vida influente e controversa
José Maria Marin, 93 anos, faleceu ontem. Ele construiu carreira política e no esporte, onde foi presidente da CBF e preso em 2015 por corrupção
Publicação: 21/07/2025 03:00
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Marin assumiu CBF em 2012 no lugar de Ricardo Teixeira |
Nos últimos meses, Marin enfrentava problemas de saúde, tendo sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no fim de 2023, que agravou seu quadro delicado e o manteve sob cuidados médicos contínuos. O velório foi ontem à tarde, em São Paulo.
Marin construiu uma longa carreira política antes de chegar à presidência da CBF. Filho de imigrantes espanhóis, teve infância humilde e conciliou a carreira como jogador amador de futebol com os estudos de Direito na USP. Em 1963, foi eleito vereador pelo Partido de Representação Popular (PRP). Já filiado à Arena, partido ligado ao regime militar, tornou-se presidente da Câmara Municipal de São Paulo em 1969.
Na década de 1970, exerceu dois mandatos como deputado estadual e, em 1978, foi eleito vice-governador de São Paulo. Entre 1982 e 1983, assumiu o governo do Estado por cerca de dez meses, substituindo Paulo Maluf.
Após deixar o Palácio dos Bandeirantes, Marin voltou ao futebol como presidente da Federação Paulista entre 1982 e 1988. A atuação política do ex-dirigente foi fundamental para consolidar sua influência no futebol nacional. Sua proximidade com o poder estadual e as articulações nos bastidores facilitaram sua ascensão nos órgãos dirigentes do futebol paulista e, posteriormente, na CBF. Contudo, sua imagem pública ficou marcada tanto pelo prestígio conquistado quanto pelas controvérsias que o acompanharam.
Em 2012, Marin assumiu a presidência da CBF após a renúncia de Ricardo Teixeira, que comandava a entidade havia 23 anos. Seu mandato, porém, ficou marcado por investigações de corrupção que abalaram o futebol mundial.
Em 2015, Marin foi preso na Suíça durante uma operação do FBI que investigava um esquema global de suborno e lavagem de dinheiro na Fifa, conhecido como Fifagate. Acusado de receber propinas em troca de contratos relacionados a eventos esportivos, o ex-dirigente foi extraditado para os Estados Unidos, onde foi julgado e condenado à prisão.
Após cumprir parte da pena, Marin foi autorizado a retornar ao Brasil em 2020, onde permaneceu em prisão domiciliar devido a problemas de saúde agravados pela pandemia de Covid-19. Durante esse período, vendeu bens para arcar com custos da defesa e da prisão domiciliar. (Estadão Conteúdo).