Corpo de Kennedy foi recolhido pelo IML. O soldado de 19 anos escreveu uma mensagem para a família e depois morreu no banheiro, atingido por um disparo que perfurou a parede

Dois inquéritos, um aberto pela Aeronáutica e outro pela Polícia Federal, vão investigar a morte do soldado Kennedy de Lima Pires, 19 anos. O corpo dele foi encontrado ao lado de uma arma de fogo, no início da manhã de ontem, dentro do banheiro de um dos alojamentos do 3º Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo - Cindacta III, no bairro de Jordão Baixo, na Zona Sul do Recife. A principal linha de investigação é de suicídio, mas imagens das câmeras de segurança foram solicitadas pela PF para verificar se mais alguém entrou no banheiro com a vítima, o que pode provocar uma reviravolta no caso. Esta foi mais uma tragédia registrada em dependências da Aeronáutica em Pernambuco. Em abril de 2011, uma brincadeira com uma pistola resultou na morte de um soldado. Em agosto daquele ano, uma cabeleireira morreu baleada também por causa do manuseio irresponsável de uma arma, que estava com uma amiga dela.

Entre as provas colhidas pela polícia sobre a morte de Kennedy, a mais forte é uma mensagem de celular que teria sido escrita pelo soldado e destinada a parentes. “Familia amo muito voces mas aconteceu augumas coisas… e não aguento mais… (sic)”, disse um trecho do texto, divulgado à imprensa por meio da assessoria da Polícia Federal. O celular, sujo de sangue, foi encaminhado à perícia. O ferimento à bala no lado direito da cabeça da vítima também fortalece a tese de suicídio. “Serão realizados exames periciais para comprovar a causa da morte, mas praticamente não há dúvidas de que o soldado se matou”, afirmou o assessor da PF, Giovani Santoro. A carteira com documentos e dinheiro foi encontrada no bolso do militar, que fazia parte da Aeronáutica desde 1º de março de 2013.

Tiro na madrugada
Por volta das 5h30, três soldados que também estavam no alojamento ouviram um disparo de arma de fogo. Eles correram para o banheiro e encontraram o corpo caído no chão. A cabeça da vítima estava encostada na parede com a perfuração de pistola calibre 9 mm. A arma foi apreendida para ser periciada. Com a descoberta da morte do colega, os militares acionaram o comandante da instituição, que chamou a polícia. O corpo foi encaminhado ao IML, em Santo Amaro, onde passou por perícia tanatoscópica. Ontem à tarde, as testemunhas prestaram depoimento à PF e confirmaram a versão inicial.

Em nota oficial, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica anunciou a instauração do inquérito para apurar as circunstâncias da ocorrência. “Vale ressaltar que corre sob sigilo, conforme previsto no Código de Processo Penal Militar. O Comando do Cindacta III está à disposição dos familiares prestando apoio e os esclarecimentos necessários”, informou a nota. O Diario esteve pela manhã na sede do Cindacta III, mas, apesar da movimentação, nenhum colega de Kennedy foi autorizado a falar e nenhum comandante quis comentar o caso. Familiares também não foram encontrados. O corpo deve ser liberado hoje para sepultamento.