Diario Urbano

Luce Pereira
luce.pereira@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 06/03/2014 03:00

A folia na balança
O otimismo de Geraldo Julio impressiona sempre. Ontem mesmo, antes da coletiva sobre o balanço da folia, declarou que este foi o "maior e mais bonito carnaval que o Recife já teve". Não sei se o prefeito prestou atenção nos carnavais da era Roberto Peixe, o "pai" do modelo descentralizado da folia que se vê hoje, mas, de qualquer forma, os grandes polos continuaram a atrair multidões e alguns dos de bairro, bom público. Nada que o "escuro" da Ponte Giratória (12 de Setembro) lembrasse, ela que era uma das mais bem decoradas do carnaval, por dar as boas-vindas a quem sai da Zona Sul para o Bairro do Recife.Foi difícil de entender, assim como a pobreza da Central Multicultural, resumida a uns poucos boxes, e a perda de espaço dos blocos líricos na Praça do Arsenal onde foi armado pequeno palco que tinha como vizinho um barulhento DJ a arrancar protestos de desfilantes. O cenário (beleza natural somada à arquitetura), a decoração do palco do Marco Zero e os telões nas imediações ajudaram a realçar o carnaval-espetáculo no Bairro do Recife, para onde migram multidões de brincantes que não querem ter péssimas surpresas com falta de táxi, insegurança e excessos de toda natureza (caso daquele quase R$ 1,8 milhão bandeado para Olinda). Menos mal que na cidade-patrimônio o formato da festa não permite a interrupção de atrações para uma conversa que folião nenhum suporta, geralmente destinada a incensar realizadores e patrocinadores. Na Marim, os pecados sempre são mais "cabeludos", porém, neste ano, as duas cidades dividiram críticas quanto ao fenômeno na "camarotização", mote das denúncias feitas na página do Direitos Urbanos, no Facebook, que amanheceu, nesta Quarta de Cinzas, com gás reforçado pelo sucesso retumbante da troça Empatando tua vista, cujos integrantes conduzem prismas de tecido onde estão desenhados espigões contra os quais o movimento briga incessantemente. Na página, existe uma lista de onze irregularidades anotadas nas duas folias, que vão de camarotes ocupando espaços irregulares a decréscimos para a festa, no caso da capital, com o desaparecimento do polo do Pátio de Santa Cruz e do Corredor do Frevo da Guararapes. É erro (ou indução a erro) colocar na alegria e energia dos foliões a medida para avaliar o sucesso de um carnaval, porque isto eles sempre terão de sobra. Importante mesmo é dar a mão à palmatória: reconhecer que existiram falhas, vistas grossas e/ou deslizes e garantir que não se repetirão no próximo ano. Infelizmente, não é para isso que entrevistas coletivas com balanço da folia servem.

 (JULIO JACOBINA/DP/D.A PRESS)

Até 2015
A hora de dar adeus a Momo é sempre mais dura em Olinda, onde o fôlego da folia parece não ter fim. O rapaz fantasiado de embalagem de presente vai embora prometendo voltar em 2015.

Em cima da hora
Eram os fogos da festa de abertura do carnaval, no Bairro do Recife, espocando e funcionários na maior correria para conseguir acender a decoração das pontes.

Os especialistas
De um modo geral, as atrações que frequentaram os polos do frevo, no Recife, agradaram, mas Alceu Valença e Elba Ramalho continuam sendo os maiores especialistas em incendiar alma de folião.

E nós, para onde vamos?
Turistas, na manhã da segunda-feira, em Boa Viagem, pareciam baratas tontas em busca de folheteria com a programação do carnaval no Recife Antigo e em Olinda. Ela poderia ser farta em quiosques da orla, por exemplo, já que não existe um posto de informações turísticas no cartão postal da cidade.