As broncas sobram para eles Servidores que atuam na linha de frente com o público muitas vezes são agredidos devido à ineficiência de alguns serviços

Lenne Ferreira
lenneferreira.pe@dabr.com.br

Publicação: 20/07/2014 03:00

Juliandresson foi agredido por após o metrô que conduzia apresentar problemas. (TERESA MAIA/DP/D/.A.PRESS)
Juliandresson foi agredido por após o metrô que conduzia apresentar problemas.
Numa manhã de setembro de 2013, o maquinista Juliandresson Pimentel, 32 anos, se preparava para fazer a última viagem antes de largar. Às 5h, entrou na cabine do metrô para conduzir o trem de Jaboatão à estação do Recife. Mas uma composição quebrada nos trilhos fez o tempo do percurso, estimado em 40 minutos, triplicar. O atraso transformou o trajeto que Juliandresson faz há oito anos numa viagem de pânico. Na estação Coqueiral, Zona Oeste, revoltados com a demora, usuários depredaram o trem, xingaram e agrediram o maquinista.

Reações violentas como essas fazem parte da rotina de servidores que atuam na linha de frente do atendimento público. Na ausência de culpados, o funcionário é responsabilizado por problemas que estão além do seu controle. “A população sempre culpa quem está mais perto”, diz Juliandresson. No protesto, ele se feriu na mão.  “Fiquei 10 dias afastado do trabalho e precisei de apoio psicológico para superar o trauma”, conta.

A servidora federal Elanir Perez, 58, também conhece essas tensões. Desde 1979, atua no setor de marcação de consulta da Policlínina Centro e vivencia situações que exigem paciência e cautela. A unidade atende pacientes do bairro do Recife Antigo, São José e Santo Antônio. Por dia, passam por lá cerca de 200 pessoas. Às vezes, a segurança intervém para conter os ânimos exaltados. “As pessoas chegam fragilizadas e quando sabem que não tem vaga, ficam indignados”, conta Elanir. “A maioria entende que a culpa não é nossa, mas sempre há agressões verbais”, diz.

No Detran Express do Shopping Tacaruna, o clima também é de tensão em dias de movimento intenso. Segundo o supervisor Bruno Santos, a demora é o que mais irrita as pessoas. “Tentamos mostrar que não é um problema local e que existe um déficit no quadro de funcionários”, afirma ele. Mas a conversa nem sempre funciona. Ano passado, a vigilante terceirizada Ana Lúcia da Silva, 49, tentou conter um homem que jogou monitores no chão e ele a agrediu. O agressor fugiu a caminho da delegacia.

A rotina de tensão torna o ambiente de trabalho estressante. Algumas categorias, como a dos rodoviários, reinvidicam adicional para compensar o de risco de vida. “Ninguém quer trabalhar para apanhar. Isso é uma forma de pressionarmos a instituição a investir em segurança”, diz Juliandresson.