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Cães modernos têm "síndrome da fofura"
Bichos domésticos têm características ternas, diferentes dos ancestrais selvagens. Motivo seria erro no desenvolvimento de um grupo de células
Publicação: 20/07/2014 03:00
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Cruzamentos destinados à domesticação selecionaram característica específica |
De acordo com os textos, a aparência fofa que faz com que humanos se derretam pelos animais domésticos surgiu graças a um grupo de células-tronco embrionárias chamadas de crista neural. Elas seriam responsáveis pela “síndrome da domesticação”, que fez com que cães, raposas, porcos, cavalos, ovelhas, coelhos pássaros e peixes deixassem de ser encarados como criaturas selvagens.
“Foi empolgante constatar que a hipótese da crista neural é capaz de explicar todos esses traços anatômicos”, disse Adam Wilkins, da Universidade de Humboldt, em Berlim, Alemanha.
Essas células são formadas perto do cordão espinhal em desenvolvimento no início da fase embrionária dos vertebrados. À medida que o embrião amadurece, as células migram para diferentes partes do corpo, onde darão origem a diversos tipos de tecidos, como as estruturas pigmentares e partes do crânio, da mandíbula, dos ossos e das orelhas, assim como as glândulas adrenais, que são o centro da resposta “lute ou fuja”. Esse mecanismo é deflagrado diante do perigo.
A crista neural também afeta o desenvolvimento do cérebro. Para Wilkins, os mamíferos domesticados exibem um defeito nessas células. “Quando os humanos começaram a cruzar esses animais para domesticação, podem, inadvertidamente, ter selecionado os com déficit da crista neural, resultando em glândulas adrenais menores ou de amadurecimento lento. Esses animais se tornaram menos receosos ao contato com os homens”, diz Wikins. (Correio Braziliense)