Os três mil dias de luta de Yoko Farias Produtora de eventos tenta reconquistar aposentadoria dez anos depois de ficar tetraplégica em acidente com cama elástica de shopping

Publicação: 09/07/2014 03:00

Vítima de grave fratura na coluna, Yoko necessita de recursos para tratamento (GUILHERME VERISSIMO/ESP DP/DA PRESS)
Vítima de grave fratura na coluna, Yoko necessita de recursos para tratamento

Dois mil e quatro foi o ano em que a Tailândia foi devastada por um tsunami, a Olimpíada voltou à Grécia e o Orkut foi criado. Para muitos, pode parecer que “foi ontem”, mas para a produtora de eventos Yoko Farias Sugimoto, 30 anos, os mais de três mil dias entre aquele 3 de julho e hoje não passaram tão rápido. Em julho de 2004, ela ficou tetraplégica após um acidente em uma cama elástica e, desde então, luta por qualidade de vida.

A nova batalha, agora, é para reaver o direto à aposentadoria por invalidez, um salário mínimo (R$ 724) que ela pretende usar para custear os tratamentos de reabilitação motora enquanto não realiza o sonho de passar em um concurso. O processo, segundo ela, segue em análise no INSS.

O acidente de Yoko aconteceu quando ela trabalhava em um shopping do Recife. Ao fim do expediente, ela e um colega foram brincar na cama elástica e ele caiu por cima dela. A estudante de relações públicas de 20 anos fraturou uma vértebra e teve todos os movimentos abaixo do pescoço paralisados.

A luta começou com 40 dias de internamento em um hospital, seguidos de visitas anuais ao Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, e uma campanha de oito meses para um tratamento com células-tronco na China. Depois de parar os estudos de língua estrangeira e a faculdade, ela retomou - em partes - a vida após os avanços obtidos com as intervenções terapêuticas.

Com parte do movimento dos braços, fez um curso tecnológico de produção de eventos e começou a trabalhar na Superintendência Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência. Foram dois anos e sete meses até ser vencida pelo cansaço. Durante um ano, um carro levava e trazia Yoko do trabalho. Depois, ela passou a pegar dois ônibus e às vezes metrô para sair de Candeias, e chegar à Abdias de Carvalho.

“Pedi demissão porque tinha muita dificuldade com o transporte. Elevadores de ônibus quebrados, motoristas despreparados, que queimavam paradas. Era muito difícil”, conta. Desde então, ela tenta a reabilitação ao benefício do INSS. Enquanto isso não acontece, depende da ajuda do pai e de uma amiga para pagar a hidroterapia, as viagens a Brasília e as cuidadoras, o que gera um custo mensal de até R$ 2 mil.
Até hoje, Yoko questiona a ausência de indenização pelo shopping. Mesmo assim, não perde a força de seguir. “Eu pude dar mais valor à vida, ver quem realmente era especial para mim. Não perdi a minha alegria de viver”, garante.

Serviço

Para ajudar a produtora, o email é yokofarias@gmail.com.