Cores e desenhos de uma nova realidade Crianças e adolescentes do Ladeirart, em Águas Compridas, pintam e desenham o local onde vivem e também a natureza

Maira Baracho
local.pe@dabr.com.br

Publicação: 07/09/2014 03:00

Projeto está mudando a cara do bairro e ainda ensinando um ofício para a garotada. Muros das casas são pintados (IVAN MELO/ESP. DP/D.A.PRESS)
Projeto está mudando a cara do bairro e ainda ensinando um ofício para a garotada. Muros das casas são pintados
Pincéis e latas de sprays nas mãos e na mente a ideia de uma realidade mais colorida. Assim que têm sido as tardes de dezenas de crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos do bairro de Águas Compridas, em Olinda. Inscritos no Centro Ladeirart, da Fundação Fé e Alegria, eles refletem sobre o local onde vivem, amizade e natureza, aguçam sua vontade de transformação e, através da intervenção artística em muros do bairro, desenham o mundo onde querem viver.

“Aqui aprendemos não só a grafitar e desenhar, mas a gostar mais e cuidar do lugar onde vivemos”, conta Luana Moraes, 15 anos, enquanto termina mais um desenho no terceiro muro a receber a intervenção do projeto. Até o final deste ano, pelo menos mais seis muros serão pintados e passarão a compor o processo de transformação na vida das crianças e do bairro onde vivem.

Dona da última casa a receber uma ação do projeto, a comerciante Elizabeth Maria, 37 anos, defende que, além do poder que o projeto tem sobre a vida dos estudantes, é também uma forma de conscientizar os moradores do bairro para o cuidado com o espaço coletivo. “Meu muro era pichado constamente. Quando vi o primeiro muro pintado pelo projeto procurei a Fundação Fé e Alegria e ofereci minha casa. E não só porque achei bonito. Agora eu acho que ninguém vai ter coragem de pichar a arte que eles fizeram”, diz.

Um dos educadores envolvidos na iniciativa, o grafiteiro Luther diz que para as crianças a lição é muito mais complexa do que a técnica e o manejo de pincéis e tintas. “A grafitagem é parte de uma educação que valoriza muito a família, a ideia de comunidade. Trabalhamos sempre com eles os temas anteriormente e depois eles imprimem nos muros os valores que aprenderam na sala de aula. É conscientização, reflexão, educação e arte no mesmo pacote”, afirma.

Para a psicóloga da fundação Fé e Alegria, Rosália Albuquerque, o projeto proporciona algo ainda maior para as crianças. “Aqui elas também desenvolvem a capacidade de empoderamento. Elas começam a entender o seu potencial de transformação dessa sociedade”, explica Rosália Albuquerque.