Na despedida, um grito por justiça
Chocados com a brutalidade do assassinato, parentes a amigos de Mirella exigiram punição para suspeito de matar a fisioterapeuta de 28 anos
Marcionila Teixeira
Mariana Fabrício
local@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 07/04/2017 03:00
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Emocionada, a mãe da vítima ressaltou pedido por resolução do caso durante o velório e o enterro |
Com pedidos de justiça, parentes e amigos se despediram da fisioterapeuta Tássia Mirella Sena de Araújo, de 28 anos, na manhã de ontem, no Cemitério de Santo Amaro. O corpo foi velado em uma funerária em frente à necrópole das 9h às 11h, e seguiu em cortejo. Durante o sepultamento da vítima, a família demonstrou revolta e pediu a prisão do suspeito, o comerciante Edvan Luiz da Silva, 29 anos.
A mãe de Mirella, Isabel Araújo, permaneceu amparada por familiares durante a maior parte do enterro. “Mirella foi assassinada cruelmente. Eu perdi a minha filha e eu não quero que isso aconteça com ninguém, porque ela foi assassinada brutalmente. Uma pessoa entrar e matar a minha filha do jeito que foi... Isso aí ninguém consegue aceitar. Eu não consigo aceitar! Porque Deus não aceita isso. Deus não quer isso. É muita dor. Eu quero justiça sim, Senhor! Eu quero justiça, minha filha! Mirella era uma guerreira, não admitia violência contra a mulher. Eu estou sem força para enterrar a minha filha”, enfatizou a mãe.
Um grupo de amigas da fisioterapeuta prestou homenagem lendo um manifesto de três páginas, no qual contava sobre a personalidade da fisioterapeuta e clamava pela punição do acusado. Ainda durante o velório, elas prometeram realizar um protesto no domingo, em Boa Viagem, para chamar a atenção de mais um caso de violência contra a mulher em Pernambuco.
“Mirella, ao contrário dos julgamentos machistas que buscam justificar esse ato brutal e violento causado por um homem que não tinha nenhum envolvimento com ela (sabendo que mesmo que houvesse não há justificativa cabível para tal barbárie), era uma mulher jovem e determinada a viver independente e livre. Sabemos, lamentavelmente, que esse não é um caso isolado, pois todos os dias mulheres são vítimas de feminicídio”, dizia a carta, em sua introdução.
Após dez anos de amizade, Taís Rubens, de 35 anos, não imaginava que teria que implorar para que o crime que vitimou Mirella não fique impune. “Queremos fazer um movimento para que o nome dela não passe em vão. Minha amiga lutava contra essa violência que atinge mulheres de todas as classes sociais. Essa morte brutal não deve ficar impune. É por ela e por todas nós”, lamentou.
O sepultamento terminou com uma salva de palmas em homenagem à fisioterapeuta e, mais uma vez, pedidos de punição pelo assassinato. “Minha filha lutava como uma guerreira e eu vou continuar lutando por ela. Só Deus que pode me ajudar e dar força. E eu sei que vou juntar esses cacos para seguir em frente”, clamou Isabel.