Formação muito além de um Rambo Soldados são ensinados a enfrentar perigos e também a lidar com a população

Publicação: 19/08/2017 03:00

Imagine dormir só uma hora por dia e acordar disposto para iniciar uma nova maratona de atividades sem saber o que virá pela frente. Assim foram os primeiros dias dos alunos do Curso de Operações Especiais do Bope. Com duração média de quatro meses e meio e dividido em quatro módulos, entre aulas teóricas e práticas, o curso tem o objetivo de desenvolver competências técnicas, como orientações de navegação, montanhismo, trato e conhecimento de animais peçonhentos, explosivos e transposição de obstáculos. Além disso, os policiais irão adquirir conhecimentos em operações e inteligência em segurança pública.

“No nosso Curso de Operações Especiais, os policiais são treinados em quatro fases e recebem orientações não só de integrantes do Bope, mas também de outras unidades especializadas e do Corpo de Bombeiros”, ressaltou o coordenador da capacitação, capitão Alexandre Bezerra. Ele destacou a procura de policiais de outros estados em busca do treinamento do Bope. “Temos divulgado muito a nossa doutrina para outros lugares, através de representantes que chegam aqui para fazer o nosso curso e replicam os conhecimentos obtidos conosco”, completou. No curso atual existem representantes de estados como Amazonas, Amapá, Tocantins, Maranhão, Paraíba, Mato Grosso e Espírito Santo.

Dormir no meio de uma mata, rastejar pelo chão segurando uma metralhadora e fazer travessias dentro da água estão entre os desafios. O alto grau de dificuldade de algumas atividades faz com que muitos policiais desistam do treinamento. Há sete anos, a antiga Companhia Independente de Operações Especiais (Cioe), como se chamava o atual Bope, não abria inscrições para novas turmas. Entre os 54 inscritos para o curso em andamento, todos são homens. Até hoje, nenhuma mulher chegou a participar da formação. Neste ano, uma policial realizou a inscrição, mas não se apresentou para o início da capacitação.

Após dois meses de treinamento, os alunos estão entrando numa fase mais técnica. “Existem as fases rústica, policial, técnica e de operações. Na rústica, primeiro mês de curso, o policial é treinado para situações de cansaço, fome, estresse, sede, frio e calor. Isso acontece para que eles passem a ter qualidades e características capazes de enfrentarem ocorrências que envolvam essas situações”, explicou o subcoordenador do curso, capitão Raphael Pires. Na fase policial, os militares passam a ser treinados com as técnicas de abordagem e contato com o cidadão, coisas que acontecem diariamente. É quando começam as aulas de abordagem e tiro policial.

Nas aulas de tiro policial, segundo o major Câmara Júnior, que é instrutor dessa cadeira e subcomandante do Bope, cada aluno realiza mais de 400 disparos de arma de fogo. Os tiros são efetuados com pistolas .40 e metralhadoras .40. “Os alunos treinam o alvo de distâncias de 5, 10 e 15 metros de distância. Realizam disparos deitados, de joelhos e em pé”, explicou o major. Os militares também recebem treinamento de primeiros socorros. “As técnicas de socorrismo servirão para o caso de um policial ou um terceiro ser alvejado, que o militar possa dar o primeiro atendimento hospitalar até o socorro ao hospital mais próximo”, comentou o capitão Raphael Pires.

Números
  • 120 é o total de militares lotados no Bope
  • 19 de junho foi a data do início do curso de Operações Especiais
  • 4 meses e meio é o tempo médio de duração do curso
  • 54 PMs iniciaram o curso de formação
  • 33 militares já desistiram da maratona
  • 21 homens seguem no treinamemto
  • 11 alunos são pernambucanos
  • 10 policiais são de outros estados do Brasil